A voz é o partido
O eleitor vota no candidato, não no partido. É o que se diz ou o que se ouve às vésperas das eleições. Até pode ser. Mas não é correto, se o partido é, realmente, o depositário do pensamento da gente brasileira.
O comum, entretanto, deve-se reconhecer, é a extraordinária migração de candidatos e de políticos já feitos, parlamentares sobretudo, de uma agremiação para outra e mais outra. Como diria o personagem da novela global: de carreirinha.
Sim, os mudancistas trafegam de carreirinha de um para outro partido, como se todos fossem iguais, se tivessem a mesma ideologia ou programa. Lembramos há pouco tempo o número de partidos e a volúpia por ministérios, estes elevados ao cubo, melhor, aos 39 detentores de pastas pela Esplanada de Brasília. Só dizendo como o popular: é o fim.
Marina Silva e toda sua boa vontade e Gilberto Kassab e toda a sua esperteza estão na fila para organizar partidos. Ela querendo complementar o trabalho já desenvolvido para organizar o seu Sustentabilidade. O inquieto Kassab procura mais de um lugar ao sol, não lhe bastando o PSD.
Quer organizar o partido Liberal para dar guarida a peemedebistas e outros interessados, inflando essa agremiação de nome antigo e fundi-lo com o atual PSD, que nada tem com o velho PSD criado por Vargas e dirigido por anos pelo seu genro, Almirante Amaral Peixoto.
Senado e Câmara Federal, porém, não estão a estimular os objetivos citados. Ambas as casas rejeitam a ideia e colocando problemas para Marina e Kassab: os partidos só poderão fundir-se após cinco anos de criação.
Kassab quer oferecer ao poder de Dilma e o PT um partideco para auxiliar a aniquilar o PMDB. Trata-se de um despropósito e o Congresso Nacional aparou o golpe, deixando para a Presidente Dilma a tarefa de concretizar o entendimento congressual.
Deve ir por água abaixo o desejo servil de Gilberto Kassab, político que ainda sem votos se fez sob as asas de José Serra e hoje desfila no poder com o seu PSD. A situação política nacional não deve permitir que a presidente Dilma vete a proposta de anteparo ao golpe partidário. E se vetar, possivelmente ficará com mais uma derrota em seu cardápio deste início de ano.
TODOS EM BAIXA – Rara a imprensa só interessa notícia ruim. É, também, o que se diz em profusão. Negativo. A imprensa registra os fatos, o leitor pode interpretar.
A lista do Ministério Público com os nomes dos possíveis envolvidos com o escândalo da Petrobrás já é de domínio público desde o final de semana. Nada que impressione. Alí estão os de sempre. Ou os esperados. Alguns serão punidos, por certo. Outros, absolvidos, natural. Há que aprofundar-se em investigações para que não se coloque todos no mesmo saco. A sorte está lançada.
O que impressiona, isto sim, são as pesquisas que dão Dilma, Beto Richa, deputados e a classe política de modo geral sem nenhum prestígio, com cada um perdendo em poucos dias dezenas de pontos que haviam sido capitalizados através dos anos e dos diferentes pleitos.
Como não se esperam renuncias, deseja-se que no tempo devido se recupere a credibilidade. Não é nada agradável ver nossos governantes em níveis tão baixos. Só que pediram e abusaram. De gestões ineficazes e de posições equivocadas. Um pouco de humildade fará bem para cada um e ouvir o povo faz bem para todos.