“Acordão” sobre CPI da Petrobras gera crise no PSDB, e Aécio reage

BRASÍLIA – O "acordão" firmado na CPI mista da Petrobras para blindar os políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras gerou uma crise no PSDB depois que membros do partido aceitaram barrar convocações de membros do PT e do governo federal.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do partido, se irritou com o aval de membros do PSDB ao acordo firmado com aliados da presidente Dilma Rousseff.
Aécio soltou uma nota ontem para negar que o partido tenha pactuado com "qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações na CPI".
Aécio resolveu reagir especialmente porque o "acordão" foi fechado no dia de seu retorno ao Senado, em que discursou defendendo duras investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
Na nota, Aécio afirma que o PSDB lutou pela instalação da CPI e defende que as investigações sejam concluídas sem poupar nenhum dos envolvidos.
"Temos de ir a fundo na apuração do chamado ‘petrolão’ e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária. Essa é a posição inarredável do PSDB", disse Aécio.
O deputado Carlos Sampaio (SP) representou o PSDB na reunião que definiu o "acordão" na CPI.
Depois da reunião que selou o "acordão", Sampaio confirmou que o PSDB concordou em excluir das convocações os políticos e as pessoas citadas nas delações premiadas de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e do doleiro Alberto Youssef.
"Vamos excluir os agentes políticos, aqueles que estão nas delações premiadas e vamos ouvir aqueles que estão na Petrobras, são agentes técnicos. Abrimos mão de ouvir Gleisi [Hoffmann] e Vaccari [Neto]. Todo mundo concordou", declarou Sampaio.
O tucano ainda disse que a CPI não vai apontar os políticos envolvidos no esquema, o que vai ocorrer ao final das investigações e das delações premiadas. Sampaio também afirmou que o PSDB concordou com o acordão porque serão chamados a depor Sérgio Machado e Renato Duque, ex-presidente da Transpetro indicado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e ex-diretor de Serviços da Petrobras.