Acusado da barbárie no motel foge da penitenciária mais uma vez

Marcelo de Oliveira Choti, 35 anos, conhecido como Turcão, fugiu, no domingo à tarde, da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). Dono de uma extensa ficha policial, ele é apontado como autor do latrocínio (roubo com resultado de morte) ocorrido em um motel, na BR-376, em Paranavaí, no ano passado.
Conforme conclusão da Polícia e denúncia do Ministério Público, na madrugada do Sábado de Aleluia (4 de abril de 2015), o fugitivo assassinou o casal André Fernandes de Freitas Peres Silva, 21 anos, estudante de Direito, e a advogada Gabriela Cerci Bernabe Ferreira, 25 anos.
Esta é a terceira vez que Turcão consegue fugir do sistema prisional, a segunda da Penitenciária de Maringá.
Quando teria cometido o duplo homicídio no ano passado, era fugitivo da Casa de Custódia, também de Maringá. Atualmente sua pena é de cerca de 70 anos por vários crimes, sem contar a acusação dos assassinatos no motel.
Além das fugas consumadas, no histórico dele há ainda uma série de tentativas de ganhar a liberdade, uma delas no final do ano com ampla repercussão na cidade.
SINDICÂNCIA – O diretor da Penitenciária Estadual de Maringá, Osvaldo Machado, confirmou a abertura de sindicância para apurar as circunstâncias da fuga. Conforme os primeiros relatos, dois agentes penitenciários estavam de serviço no pátio e foram rendidos pelos detentos.
Fazendo ameaças de que possuíam armas escondidas no presídio, os detentos amarraram mãos e pés dos funcionários e, na sequência, com apoio externo, escalaram o muro de sete metros de altura.
Ainda de acordo com Machado, há relatos de que pessoas em um veículo – Fiat Palio – teriam dado o apoio, inclusive jogando uma corda para dentro do pátio da penitenciária que os fugitivos usaram para escalar o paredão.
Imediatamente após o comunicado de fuga, as polícias Civil e Militar passaram a fazer buscas, mas não recapturaram nenhum dos seis fugitivos, situação que permanecia inalterada até o final da tarde de ontem.
ALERTA – O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, Ademar Carlos Paschoal, confirma que indícios do paradeiro dos fugitivos estão sendo verificados pelas equipes. No entanto, não havia pistas concretas.
Bloqueios foram realizados tão logo houve o comunicado da fuga. Paschoal prefere não dar detalhes sobre o trabalho de busca para não atrapalhar as ações em andamento.
Não é possível informar se Turcão e os demais foragidos estão na região de Paranavaí. Ainda assim, o oficial do 8º BPM reitera que todos os esforços são para "localizar e prender” os fugitivos.
O delegado Luiz Carlos Mânica, chefe da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, reforça a condição de alerta tão logo aconteceu a fuga. A preocupação é que Turcão e o grupo voltem a cometer crimes na cidade.
Ontem, as imagens dos fugitivos circulavam em redes sociais, assim como informações sobre possíveis locais de esconderijo. A Polícia não confirma e nem descarta possibilidade do grupo estar na região.
Além de Turcão, ganharam a liberdade outros cinco condenados, dentre eles, os também paranavaienses Marcelo Ferreira Guimarães, 34 anos, e Jackson Silva Ribeiro, 28 anos. Constam ainda dentre os foragidos: Paulo Sérgio Brito da Silva, 40 anos, Kelvin Benedito Alves Generozo, 29 anos, e Jhony Almeida da Silva, 20 anos.
UM CRIME BÁRBARO – Conforme apontou a Polícia Civil a partir de investigações e provas através de exame de DNA em material colhido na cena do crime (confrontado com material genético), Turcão é o autor do assassinato do jovem casal ocorrido no motel, no ano passado. Foi um crime bárbaro que chocou a comunidade paranavaiense e repercutiu em todo o país.
A conclusão da Polícia foi o desfecho investigativo de um caso intrigante, cujas versões ganharam contornos diferentes a cada dia e detalhes que não coincidiam com as primeiras hipóteses (uma delas de homicídio e suicídio).
Imagens do circuito interno de segurança do motel levaram à conclusão de que uma terceira pessoa havia entrado no apartamento onde estava o casal e, a partir daí, a mudança nos rumos das investigações.
Outro jovem estava com Turcão no motel e não foi localizado na época para dar a sua versão. Através dos seus advogados, negou veementemente a participação no crime. Como não se apresentou, tem mandado de prisão e é considerado fugitivo da Justiça. Embora praticamente sem margem para contestação (no caso de Turcão), uma vez que existe a prova científica, o acusado nunca confessou o crime.
Turcão é muito conhecido nos meios policiais paranavaienses. Ainda adolescente chegou a ser citado por suspeita de envolvimento em crimes. Na ficha a partir da maioridade, constam passagens por roubo, furto e ameaça.
A prisão mais recente do acusado aconteceu no dia 07 de abril de 2015, portanto, três dias após o assassinato do casal. Turcão foi preso com outros dois homens, quando assaltava a agência do Sicredi no Distrito de Sumaré em Paranavaí. Até então era “apenas” foragido da penitenciária.
A reviravolta acontece dias depois quando o rapaz que estava com Turcão no motel o colocou na cena do crime. Foi uma declaração por escrito, enviada através dos advogados. Nesta versão, o rapaz detalha que foi ao motel para pernoitar em um apartamento e combinou que Turcão dormiria no carro. O desenrolar foi a tragédia já conhecida e que abalou pessoas em todo o país.