Acusado da morte de líder de acampamento alega que tiro foi acidental

O homem acusado de matar Maria Cristina da Silva, 50 anos, líder de acampamento de trabalhadores rurais em Querência do Norte, alegou que o disparo foi acidental. A mulher morreu na noite da última sexta-feira com um tiro no peito, em um acampamento no Distrito de Icatu.
O suspeito se apresentou ontem à Polícia Civil de Loanda, prestou depoimento e deve responder pelo crime em liberdade. Ele confirmou que estava na propriedade com um grupo de companheiros para fazer a “desocupação”, já que, de acordo com a sua versão, aquela fazenda já possui outros acampados, igualmente em busca da posse da terra.
Em depoimento ao delegado Luciano Dias, o homem alegou que anteriormente foi dado um prazo para Maria Cristina desocupar a propriedade e que tal data-limite não foi cumprida. A líder teria dito que só sairia dali morta, frase que confere com o depoimento do marido dela, prestado pouco depois do crime.
Diante da negativa, o grupo foi à propriedade disposto a fazer a “desocupação” e os integrantes mantiveram contato com ela. Foi nesse momento, defende-se o suspeito, que a arma disparou, atingindo o peito da vítima.
OUTRO LADO – O marido e um genro da vítima prestaram declarações logo depois da morte. Relataram que o suspeito defendia a mudança de rumo do grupamento para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os acampados são ligados ao Movimento de Luta pela Terra (MLT), informam.
Ainda nesta versão, Maria Cristina chegou de Brasília na última quinta-feira, onde pediu a vistoria da terra às autoridades. Então, se reuniu com os acampados, quando teria sido acusada de não conseguir resultados e que por isso as famílias deveriam migrar para o MST.
Teria sido nesta reunião que aconteceu o debate ríspido e a “ordem” para deixar a terra. O Acampamento 19 de Fevereiro está na Fazenda São Francisco, Distrito de Icatu.