Adolescência – Qual o limite para a liberdade?

Diante de tanta perversidade e violência social, os pais são confrontados, com seus próprios medos e inseguranças ao refletir sobre quais os limites de liberdade a serem concedidos aos filhos na adolescência.
Será que “congelar” o adolescente nessa fase, impedindo-o de sair, de namorar, ou de ter qualquer outra atividade tão natural dessa idade, poderá afastá-lo dos perigos que o cerca?
Certamente não, pois além de ser uma solução insustentável, parece ser egoísta por parte dos pais.
Bloquear as saídas noturnas, controlar todos os horários, vigiar as companhias e evitar tudo que seus próprios olhos não conseguem ver, pode afastar seu filho de você e ainda criá-lo sem defesa para a vida.
Os jovens precisam aprender a conviver com a realidade para criar suas próprias defesas através dos embates da vida; precisam ser educados e não trancados em casa para aliviar a angústia dos pais frente ao imponderável.
A preocupação de estabelecer limites aos filhos deve se iniciar nos primeiros meses de vida da criança. 
Esse vínculo construído com os pais desde a infância, com clara noção de respeito às leis familiares, influenciará em grande parte o tipo de situação que se encontrará na adolescência.
Entendendo melhor o que se passa na cabeça dos filhos nesse período, os pais devem concordar que, diante de uma pessoa que está questionando tudo e todos, um “não”, simples e duro, é insuficiente.
Em razão da adolescência ser uma fase onde os filhos estão buscando construir sua identidade e autoafirmação, usando de bom senso, a melhor maneira de continuar a educá-los é pelo diálogo, ao contrário de simples proibição. 
Caso tenha predominado durante a infância um excesso de permissividade, onde a criança foi habituada a não ser contrariada, a tarefa agora com relação aos limites será bem mais difícil e problemática.
Mas sempre é possível acertar o passo na educação e recuperar o respeito mútuo com uma nova postura familiar. Voltada agora para ensinar os filhos a construir ao invés de apenas usufruir da vida.
Para usufruir dos benefícios recebidos quanto à liberdade, eles precisarão aprender a prestar contas de seus atos.
A começar por aprender a pedir, informar e conversar educadamente, sobre os desejados passeios, viagens ou saídas noturnas.
Construir um vínculo de confiança nasce a partir, principalmente, do hábito de falar a verdade em casa, que serve como passe fundamental para usufruir da autonomia.
Assim, de conversa em conversa, torna-se possível passar os ensinamentos necessários de cautela e, de certa forma, frear os impulsos típicos dessa idade.
Usar exemplos tirados de páginas de jornais ou da TV é uma boa solução para as conversas sobre as preocupações quanto à segurança, drogas e os tipos de ambientes de lazer disponíveis.
Essas conversas devem ser introduzidas com naturalidade, evitando uma visão “terrorista”, como também os infrutíferos tratados que os pais por vezes insistem com os filhos sobre a violência do mundo.
Infelizmente não existe uma fórmula que garanta aos pais a tranquilidade de que os filhos passarão pela vida sem riscos e sem problemas, nem que poderão protegê-los de todas as ameaças.
Para educá-los promovendo responsabilidade e autossustentação, os pais precisam rever seus medos e suportar a difícil “angústia da separação”.
Isso é, aprender a lidar com o afastamento necessário entre pais e filhos para que estes aprendam a se cuidar, a se defender e a confiar em si mesmos na ausência dos pais.
Os filhos não são objetos para enfeitar a casa, aprisionados em porta-retratos, mas sim, pessoas a serem educadas com amor, autonomia e responsabilidade, para decidirem como viver as suas próprias vidas.


Colaboração de
Márcia Spada