Aécio assume PSDB e repete bordão de rivais

BRASÍLIA (Folhapress) – Com um bordão semelhante ao alguns de seus eventuais adversários na disputa pelo Palácio do Planalto, "é possível fazer melhor", o senador Aécio Neves (MG) assumiu neste sábado a presidência do PSDB defendendo o legado dos anos FHC, inclusive as privatizações.
É o primeiro passo para a sua candidatura presidencial. O mote se parece com o "É possível fazer mais" do governador Eduardo Campos (PSB-PE), bordão também explorado por Dilma Rousseff nos programas de TV do PT com seu "É possível fazer cada vez mais".
Curiosamente, na disputa de 2010 o então candidato presidencial José Serra (PSDB-SP) estampava na sua campanha algo bem parecido: "O Brasil pode mais".
O discurso de Aécio veio recheado de críticas ao governo petista e assumiu para os tucanos boa parte do que o partido considera "herança bendita" aproveitada pelas gestões Lula e Dilma.
"Estagnamos. Vivemos pibinho atrás de pibinho", diria Aécio no discurso programado para este sábado à tarde.
Aécio dirá que os desafios dos tempos de Fernando Henrique Cardoso, como inflação, desarranjo econômico e perda da credibilidade do país, estão de volta.
A festa custou R$ 2 milhões ao partido, com um grande aparato tecnológico em um centro de convenções em Brasília, e homenageou FHC – que fora escondido da propaganda tucana nos últimos três pleitos ao Planalto.
"O presidente que mudou, para sempre, a história do nosso país", disse Aécio. "Aquele que liderou a maior transformação da história".
Focado no resgate do partido, há dez anos excluído pelo PT do poder federal, o mineiro falou da estabilização de uma economia convulsionada pela hiperinflação; do Plano Real; do respeito ao dinheiro público; da Lei de Responsabilidade Fiscal; dos "primeiros programas de transferência de renda".
Surpreendeu: "Garantimos a abertura da economia, com as privatizações". Na última década, nenhum tucano com aspirações nacionais defendeu, de forma aberta, as privatizações, tema explorado pelo PT nas eleições de 2002, 2006 e 2010 como sinal de fraqueza da gestão tucana.
"Erramos por não termos defendido, juntos, todo o partido, com o vigor", disse. Ressaltou, contudo, que o partido nunca quis privatizar a Petrobras -tema que deu dor de cabeça em 2006.
De olho na unificação da legenda, um de seus maiores desafios para desembarcar em 2014 como candidato, Aécio elogiou tucanos notadamente contrários a seu voo nacional, caso de Serra.
Também fez gestos em direção ao governador Geraldo Alckmin (SP), outro que pode, se quiser, dificultar a corrida do correligionário se não se empenhar, no maior colégio eleitoral do país, pela candidatura do mineiro.
Aécio disse que quer que "o Brasil continue a ser o país do pleno emprego, mas não apenas de empregos de até dois salários mínimos". (Por Natuza Nery, Catia Seabra e Gabriela Guerreiro)