Agronegócio continuará crescendo, diz líder sindical de Paranavaí

O agronegócio representa hoje um quarto do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e vem aumentando a participação. No Paraná, um estado predominantemente agrícola, o agronegócio já representa 30% do PIB estadual.
A estimativa é do presidente do Sindicato Rural de Paranavaí e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ivo Pierin Júnior. Segundo ele, desde 1996, quando entrou em vigor a Lei Kandir, que facilitou o acesso do setor produtivo primário ao mercado externo, o agronegócio nacional vem crescendo e deve continuar neste ritmo.
Ele só faz uma advertência: na safra 2017/2018, se forem mantidos os mesmos níveis de produção já estará ótimo, porque no último período “houve um crescimento significativo para praticamente todas as culturas, o que é incomum. Então, manter os atuais níveis já é um ganho significativo”, diz o agricultor.
Pierin Júnior diz que a Lei Kandir trouxe um alento para o setor e dá exemplos: “Antes a comercialização de café era monopólio do governo. As mudanças foram tantas que hoje exportamos o boi vivo. As tarifas aduaneiras do passado não viabilizavam ao produtor, através das cooperativas, nem mesmo a exportação de soja. O ‘confisco’ era da ordem de 30%”, explica.
O vice-presidente da Faep diz que essa prática era adotada para manter a produção dentro do país e, artificialmente, evitar o crescimento dos índices inflacionários. “Mas nós todos sabemos que medidas artificiais têm um tempo de validade, que uma hora explode. Isso emperrou o desenvolvimento do país. É só ver o que aconteceu com a inflação no período do presidente José Sarney”, cujos índices chegaram a 1.000% ao ano.
A Lei complementar brasileira 87, implementada em 1996 pelo ministro do Planejamento, Antonio Kandir (daí o nome popular da lei), “tirou o sistema produtivo do julgo do governo”, permitindo sua expansão, avalia o líder sindical.
Por outro lado, diz Pierin Júnior, o Brasil é hoje o maior importador de trigo do mundo, embora seja produtor também. O país consome 12 milhões de toneladas de trigo, produz 6 milhões de toneladas e exporta um milhão. “Não conseguimos competir, pois aqui temos altos custos e lá fora os produtores recebem subsídio. A produção nacional fica, eventualmente, estocada para regular os preços e é rotulada pelos moinhos nacionais como de baixa qualidade. Imagine se não tivesse essa lei para ajudar na exportação? O que ia acontecer?”, questiona.
Noroeste – Além da legislação, o crescimento do agronegócio está consolidado por causa do avanço da pesquisa, da tecnologia e da profissionalização do setor. “O produtor hoje sabe da importância da tecnologia e sabe aplicá-la. Também tem acesso a mais recursos para comercialização de seus produtos”, diz. Para ele, o crescimento do agronegócio hoje se sustenta pela ampliação do mercado externo.
A região Noroeste, de Paranavaí e Umuarama, foi a que mais cresceu no período de 2010 a 2015 quando analisada a participação do agronegócio no PIB estadual. Esse crescimento é significativo, mas não se pode perder de vista que é sobre uma base menor. Mas “a região tem muito a crescer. O faturamento total ainda é baixo e a renda per capita também. Temos espaços para a agroindústria”, sentencia Pierin.
Ele cita como exemplo a suinocultura, que até por questões ambientais (evitar a concentração de dejetos, como acontece atualmente no Sudoeste do Estado) tem espaço na região ao lado da ampliação da avicultura.
Fala também da necessidade do crescimento, em busca de novos nichos, de culturas já consolidadas, como a citricultura, que foi implantada na região para produzir o suco concentrado para exportação. “Hoje está ganhando um novo mercado com o suco natural que está sendo vendido no varejo”, lembra.
“A indústria, especialmente a agroindústria ainda tem grande potencial para se desenvolver. Temos que estimular esse modelo de desenvolvimento, de atividades mais rentáveis, oferecendo um produto diferenciado” sublinha Pierin.
Na avaliação do líder sindical, a formação de sistema de comercialização (juntando produtor e varejista) pode ser uma alternativa. Ele destaca o sistema formado anos atrás na região, reunindo pecuaristas (a QI Carnes) e um supermercado, através do qual era oferecido um produto diferenciado, com melhor remuneração.
“Foram cometidos alguns erros no passado, inclusive o momento de lançamento do produto, quando havia uma supersafra. Temos de aprender com os erros do passado e verticalizar a produção”, aposta Pierin Júnior.