Alunos conversam sobre drogas dentro do Projeto Semear do MP
Um grupo de alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Adélia Rossi Arnaldi, do Distrito de Sumaré, participou na manhã desta quinta-feira (27) de uma Roda de Conversa Sobre Drogas. O evento está sendo realizado em todo o Estado numa iniciativa do Ministério Público do Paraná (MP-PR), através do Projeto Semear, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (SEED). “Foi um evento muito bom. Ao final cada participante teve que definir o encontro em uma palavra. E o defini como ‘integração’ e ‘produtivo’”, disse a promotora de Saúde Pública de Paranavaí, Suzy Mara de Oliveira. Ela foi indicada pelo grupo de estudos de promotores das comarcas da região para, junto com o promotor Roberto Fonseca de Azevedo, representar o extremo noroeste no Projeto Semear.
O Projeto Semear é uma estratégia do MP-PR para o enfrentamento ao álcool, crack e outras drogas. Por meio de uma atuação integrada de membros e servidores da instituição, o projeto busca construir, de forma coletiva, diretrizes que resultem em políticas públicas de prevenção e de atendimento aos usuários de substâncias psicoativas”. O Semear está em consonância com o Decreto 9.761/2019, que definiu a nova Política Nacional sobre Drogas (PNAD).
Para a Roda de Conversa desta quinta-feira, o MP-PR, o Núcleo Regional de Educação) e a Direção do Colégio convidaram representantes da 14ª Regional de Saúde, Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas (Comud), CAPS Infantil (que atende dependentes químicos até os 19 anos) e da Polícia Militar, através do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC). Eles se reuniram com cerca de 20 jovens.
Para organizar e conduzir a Roda de Conversa sobre Drogas, realizada este mês em alusão ao programa Paraná Junho Sem Drogas (Junho sem Drogas), promotores e pedagogos da SEED passaram por uma capacitação. “Tivemos que aprender a falar com os jovens para eles se sentirem à vontade para discutir o assunto”, explica a representante do Ministério Público.
O resultado desta capacitação se refletiu na qualidade do evento. “Já tivemos outro evento em anos passados, mas este foi melhor, porque estávamos capacitados para estimular o jovem a falar, deixar ele a vontade para interagir”, diz a promotora. Segundo ela, “os jovens e adolescentes não querem palestra. A palestra não funciona para eles. A abordagem tem que ser em forma de bate-papo”.
O resultado da Roda de Conversa sobre Drogas não agradou apenas os organizadores e convidados. Os próprios alunos, que no começo se sentiram inseguros depois se soltaram, defenderam a realização de mais encontros deste tipo. Suzy Mara não tem dúvidas de que os jovens que participaram da conversa “serão multiplicadores e vão disseminar entre os seus colegas e em outras classes as informações que que receberam”.
FEEDBACK – Após a Conversa, o projeto passa agora à outra fase. Os facilitadores e convidados vão voltar a se reunir para fazer uma avaliação mais pormenorizada da situação e encaminhar o resultado para a organização estadual. “Vamos convidar mais pessoas para a reunião de devolutiva”, informou a promotora de Justiça.
Outras ações poderão ser realizadas, uma que está em estudo é levar um grupo de jovens para conhecer a cadeia pública. “Ainda tem muita gente que vê as drogas com um certo glamour, com a sensação momentânea de bem-estar e não vê as consequências”, diz a representante do MP-PR.
Ela citou que além da violência, que chegou a ser relatada durante a Roda de Conversa (todos concordaram com o termo de confidencialidade para não expor para o ambiente externo casos pessoais), as drogas têm outros males no futuro. “O que os psiquiatras me dizem é que o álcool pode provocar o Alzheimer (doença neurodegenerativa crônica e a forma mais comum de demência), enquanto o crack leva a esquizofrenia precoce”, relatou a promotora.
MAIS CONVERSA – O presidente do Comud, Dante Ramos Júnior, defendeu a realização de mais eventos como este. “Temos que concentrar esforços na prevenção”, diz. Ele concorda com a promotora de que este evento é eficiente na abordagem ao jovem.
A organização estadual da Roda de Conversa sobre Drogas previu edição única do evento este ano na região. Mas na capacitação, lembra a promotora, “eles pediram o maior envolvimento possível”. Isto, na avaliação dela, abre brecha para a realização de outras rodadas.
O Comud vai tentar celebrar parcerias com instituições, inclusive MP e NRE (que se capacitaram para isso) para levar esta ferramenta a outras escolas e também para outros ambientes. “Temos que começar a discutir agora. O jovem precisa ter consciência de que as drogas lícitas também têm suas consequências, e graves consequências e são a porta de entrada para outras drogas”, afirmou ele.