Alunos do Cecap trabalham na produção do filme de curta-metragem “Preguicity”
Era uma vez um lugar chamado Preguicity. Lá, os moradores achavam que a maior riqueza que tinham era o trabalho. Eles não se importavam com o meio ambiente. Queriam ganhar cada vez mais dinheiro. E só.
A atitude deles não agradou os gometes, vindos de um planeta alienígena-pirata chamado Goma. Os gometes invadiram Preguicity e acabaram com seus recursos naturais. O resultado da devastação: os moradores passaram a cuidar da natureza, reconhecendo que ali estava sua maior riqueza.
A história é simples, mas a mensagem é bastante pertinente. Contá-la de forma diferente e que chame a atenção de todos é uma missão que os alunos do Centro de Atendimento Especial à Criança e ao Adolescente (Cecap) de Paranavaí estão empenhados para cumprir. Desde o começo do ano eles trabalham na produção de um filme de curta-metragem que leva o nome da cidade fictícia “Preguicity”.
As filmagens estão em fase de conclusão. Depois de terminada a obra, a expectativa de toda a equipe envolvida na realização do curta-metragem é que o trabalho seja exibido no Festival Anima Mundi, que reúne produções de todo o Brasil e de artistas internacionais. O evento acontece anualmente, no mês de julho.
A coordenação do trabalho é de Henrique Moura da Silva, instrutor da oficina de Artes Visuais do Cecap. Ele explica que o filme terá aproximadamente 15 minutos, uma produção que utiliza a técnica de stop motion, feita pela captura de imagens quadro a quadro, através de uma câmera fotográfica. “São 12 fotos para cada segundo do filme”, conta o instrutor.
TRABALHO EM EQUIPE – A presidente do Cecap, Líria Inês Balestieri, diz que o filme é o resultado do trabalho de alunos de todas as oficinas, uma interação que tem dado certo. “Todas as crianças se envolveram na produção. Cada um coloca seu dom: uns criaram os objetos, outros pintaram, criaram o roteiro, ajudaram na montagem do cenário”, cita.
É uma experiência hollywoodiana, avalia Líria. “Eles têm a vivência de grandes produtores de filmes. Precisam fazer adaptações no roteiro, resolver problemas, usar a criatividade”. E mais do que isso, levam o que aprenderam ao longo dos meses de trabalho para a vida toda.
PARA A VIDA TODA – Beatriz Lopes Subtil é uma das envolvidas na produção do curta-metragem. Sempre empregando bem as palavras, a garota de 14 anos conta que precisa fazer de tudo um pouco: produção de texto, fotografia, movimentação dos personagens, organização do cenário. “Todos participam em alguma tarefa”, diz.
Ela se sente uma verdadeira artista e leva o que aprende durante as filmagens para a sala de aula. Nas aulas de português, matemática, artes e história, por exemplo. “Na hora de fazer um trabalho, as ideias aparecem com facilidade, porque podemos aproveitar o que aprendemos na oficina [de Artes Visuais]. É uma forma gostosa de aprender”.
Gabriel Araújo Oliveira dos Santos tem 12 anos. Fascinado com a produção do filme, ele conta que desenvolveu diferentes habilidades durante os cinco anos em que está no Cecap. Aprendizado que leva para o dia a dia. “Aqui, ganhamos novas oportunidades e entramos em mundo diferente”.
O estudante afirma que se sente orgulhoso. Quando entrou no Cecap, imaginava e sonhava. Hoje, realiza. “Evoluímos muito aqui”, diz, referindo-se não somente às técnicas artísticas que aprendeu, mas, também, à mudança de comportamento na escola e na própria família. A chance de se preparar para a vida profissional também anima Gabriel.