Alvaro diz que modelo de governança do Brasil está baseado na corrupção

BRASÍLIA – O senador Alvaro Dias (PV-PR) disse em Plenário, ontem, que o modelo brasileiro de governança continua baseado na prática da corrupção, elevando a carga tributária e esgotando a capacidade de o Poder Público investir em setores essenciais, como segurança, educação e desenvolvimento.
O senador afirmou que a ideia de que “governabilidade deve rimar com promiscuidade” levou ao aumento da dívida pública, ao aparelhamento do Estado e ao loteamento de cargos públicos e por fim resultou na crise econômica enfrentada pela população.
Alvaro Dias observou que, neste ano, 52% do Orçamento da União têm sido destinados ao pagamento de juros e encargos da dívida pública, que deve chegar a R$ 1,7 trilhão. Em 2016, a mesma dívida foi de R$ 1,3 trilhão.
“Enquanto esse sistema de governança prevalecer, o Brasil não vai alcançar os índices de crescimento compatíveis com a sua grandeza e, sobretudo, com a grandeza do seu povo”.
É FÁCIL USAR DINHEIRO – A quantidade de imóveis registrados na cidade de São Paulo em nome de empresas offshores mostra a facilidade de se usar o dinheiro de corrupção no Brasil, segundo o consultor da organização não governamental (ONG) Transparência Internacional, Fabiano Angélico.
Estudo da organização, divulgado ontem, identificou que 3.452 imóveis na capital paulista pertencem a 236 companhias abertas em paraísos fiscais, países que oferecem isenções de impostos e taxas e ainda mantêm sob sigilo o nome do proprietário. Os apartamentos, casas e terrenos estão avaliados em cerca de US$ 2,7 bilhões.
“Pode ser que uma boa parte que esses R$ 9 bilhões seja dinheiro de corrupção”, disse Angélico, sobre o levantamento. “Na cidade de São Paulo, que foi onde conseguimos fazer [a pesquisa], porque tem a disponibilidade de dados, é muito fácil você comprar um imóvel usando formas pouco transparentes”, afirmou.
Apesar de ser legal, o uso de empresas offshore pode ser um indício, segundo o especialista, de uma tentativa de ocultar a origem dos recursos. “Existem dois ou três usos legítimos para offshore e existem inúmeros usos ilegítimos, que lavam dinheiro de terrorismo internacional, grande corrupção”, acrescentou.
Na lista divulgada pela ONG, parte dos imóveis está em nome de grandes empresas internacionais com sede no exterior, como redes de lanchonetes e hotéis. Há, no entanto, empresas que controlam centenas ou dezenas de propriedades sob nomes desconhecidos do público.
Mais da metade dessas empresas (87%) estão registradas em cinco localidades: lhas Virgens Britânicas, no Uruguai, Estados Unidos, Panamá e Suíça. Segundo o estudo, recursos originados de corrupção são aplicados em offshores nas Ilhas Virgens Britânicas e no Panamá, onde o anonimato no registro de empresas facilita com que “corruptos driblem autoridades fiscais e policiais”. (Agência Senado e Abr)