Aneel suspende reajuste de tarifas de energia da Copel, no Paraná

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) suspendeu o reajuste de tarifas da distribuidora de energia Copel, a pedido da própria empresa.
A agência havia aprovado um reajuste médio de 35,05% na tarifa de energia da companhia.  Mas, logo após o anúncio, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), pré-candidato à reeleição em outubro, disse em sua conta no Twitter que pediria a suspensão do reajuste, "para buscar uma solução junto com a Copel".
O governo do Estado fez o pedido de suspensão alegando "significativos impactos socioeconômicos".
No dia em que o reajuste foi anunciado, movimentos sociais fizeram uma manifestação em frente à Copel, com cerca de 200 pessoas, rotulando o governo de "roubo" e de "tarifaço".
A suspensão do aumento, porém, pode prejudicar financeiramente a Copel, que enfrenta aperto no caixa e considera inclusive adiar investimentos caso a tarifa não seja reajustada.
Nos cálculos da Copel, a empresa precisaria de um aumento de 32,45% na tarifa para atingir o equilíbrio econômico-financeiro. O principal motivador desses custos, segundo a empresa, foi a compra de energia em leilões.
A Copel tinha contratos fechados para obter energia mais barata, mas eles não foram honrados. A usina de Jirau, por exemplo, era uma das contratadas, mas não ficou pronta a tempo.
Além disso, o custo da energia subiu, após a forte seca prejudicar os reservatórios das hidrelétricas pelo país.
"A culpa [da tarifa] não é nossa. A culpa é desses desacertos pelos quais o setor elétrico está passando", disse o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer.
Em 2013, no auge das manifestações de junho, Richa também suspendeu o reajuste de 14% autorizado pela Aneel. A Copel acabou aplicando um aumento de apenas 9%.
Essa frustração de receitas pode afetar o cronograma de investimentos da empresa, como admite Zimmer.
"Se temos um plano de expansão de redes de distribuição, quem sabe possamos protelar isso por três meses, seis meses, fazer um ajuste no cronograma."

Copel Distribuidora fechou o ano com R$ 160 milhões de prejuízo.
Em 2013, a Copel Distribuidora fechou o ano com R$ 160 milhões de prejuízo. No primeiro trimestre deste ano, ficou quase no zero a zero.
A empresa sustenta, porém, que não pretende sacrificar a qualidade do serviço por causa do valor da tarifa, e que não aplicar o reajuste integral também é uma questão de "justiça social".
"A Copel quer aplicar aquilo que seja justo para se manter sustentável. Mas, por outro lado, não acreditamos que seja justo para o paranaense pagar uma conta que não é dele", disse Zimmer.
"Isso traria consequências ruins para a economia do Estado, para a inflação. Temos que pensar nisso também."