Ao sancionar Marco Civil, Dilma critica a espionagem eletrônica dos Estados Unidos

SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff sancionou na manhã de ontem, durante a cerimônia de abertura do evento NETMundial, o Marco Civil da Internet. A conferência, que reúne representantes de mais de 80 países em São Paulo, discute o futuro da governança da internet.
A assinatura ocorre após aprovação em tempo recorde no plenário do Senado, anteontem, depois de um mês de discussão -na Câmara, o projeto demorou pouco mais de três anos para ser aprovado.
Ao lado do criador da web Tim Berners-Lee, e de outros representantes que irão discutir a governança da internet durante o evento, Dilma criticou a espionagem eletrônica dos Estados Unidos, revelada no ano passado.
"Esses fatos são inaceitáveis e continuam sendo inaceitáveis, atentam contra a própria natureza da internet", disse. "Os direitos que as pessoas têm off-line também devem ser protegidos on-line”.
Ao fim do discurso de abertura, quando Nnenna Nwakanma -representante da sociedade civil na NetMundial- agradeceu a Edward Snowden por ter revelado os casos de espionagem do governo americano, a presidente Dilma sorriu e aplaudiu de pé.
Outros palestrantes também elogiaram o Marco Civil, incluindo Berners-Lee. "Estou pedindo que todos os países sigam o exemplo do Brasil e da Europa", disse, referindo-se também a uma legislação europeia que versa sobre os direitos dos usuários na web.
"HISTÓRICA" – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, definiu a sanção do Marco Civil da Internet como um momento de "dimensão histórica".
"A minha impressão é que todos nós hoje participamos de um momento que será lembrado no futuro", disse, no primeiro painel do NETMundial, evento que acontece entre hoje para discutir a governança da internet.
Em seu breve discurso, Cardozo ressaltou a "soberania e respeito aos países" como um dos pontos mais importantes a serem perseguidos pelo novo modelo de governança da web.
A referência é às denúncias de espionagem por parte dos Estados Unidos a líderes de outros países, como a presidente Dilma Rousseff.