Após críticas, Cunha recuará de passagem para cônjuge de deputado
O peemedebista convocou uma reunião às 11h desta terça-feira com a Mesa Diretora, que aprovou a medida, para discutir os termos do recuo.
Segundo a reportagem apurou, uma das medidas em estudo é que o benefício não será mais regra, mas, sim, exceção. Assim, os parlamentares terão de requerer a passagem à Mesa, que decidirá caso a caso.
O comando da Câmara aprovou na última quarta-feira (25) um pacote de reajuste para benefícios dos deputados que terá um impacto anual de R$ 150,3 milhões nos cofres da Casa.
Os cônjuges dos deputados foram autorizados a usar passagens em viagens do Estado de origem a Brasília.
O recuo ocorre após a repercussão negativa da medida. Na semana passada, as bancadas do PSDB e do PPS na Câmara anunciaram que irão abrir mão do novo benefício. O impacto anual nos cofres da Casa será de R$ 150,3 milhões.
ABAIXO ASSINADO – Um abaixo-assinado organizado na internet contra a possibilidade de deputados federais usarem recursos do "cotão" para pagar passagens aéreas aos maridos e mulheres já possui cerca de 135 mil assinaturas.
O abaixo-assinado foi organizado pelo site Avaaz de petições online. O texto da petição chama de "abuso" o benefício e diz que os salários dos deputados já são suficientes para pagar as passagens aéreas dos cônjuges.
"Se agirmos rápido e fizermos barulho contra esta medida, podemos envergonhar os deputados e fazê-los reverter a decisão, garantindo que nosso dinheiro vá para hospitais ou escolas. Alguns deputados já se pronunciaram contra o aumento -isso significa que podemos vencer!", diz o texto do abaixo-assinado.
Ontem, a bancada do PT na Câmara decidiu aderir ao movimento contra a chamada "bolsa esposa" – ou "transpatroa" como apelidaram alguns congressistas. Os petistas reforçam a articulação que conta com a participação de PSDB, PPS e PSOL contra a regalia. Com os 65 deputados do PT, agora, o grupo tem 135 congressistas que se comprometeram a não utilizar o benefício.
A bancada do PcdoB, com 13 deputados, informou que também abriu mão na semana passada do uso das passagens para cônjuges. Segundo os parlamentares, a autorização ”confronta a essência” do uso da verba, que deve ser, exclusivamente, para gastos relacionados à atividade parlamentar.
Não somos imunes a críticas e erros, diz Cunha
Depois de minimizar a repercussão negativa pela aprovação da chamada "bolsa-esposa", o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), admitiu que vai propor a revisão das passagens para cônjuges de parlamentares após a medida ser atacada pela sociedade.
"Não foi precipitado. Não acho que foi precipitado nem que deveria tomar mais cuidado. Acho muito bom quando se faz uma atitude e pode ter tranquilidade de vir e rever, cometer situações que temos uma convicção e vemos que a convicção não teve a receptividade da opinião pública", disse.
E completou: "Não somos imunes a críticas e possíveis erros. Temos que ter tranquilidade para resolver o problema".
O presidente da Câmara disse que a decisão de levar o caso para ser definido pela cúpula da Casa é porque não pode bancar o "salvador da pátria". "Não pode a decisão ser da Mesa, causar desgaste e eu ser o salvador da pátria e revogá-la. Cabe a mesa".
A volta da concessão das passagens para mulher e deputado foi uma proposta de campanha de Cunha. O congressista afirmou que a medida foi mal interpretada e tratada erroneamente como "regalia".
"Foi uma repercussão muito negativa. Não houve entendimento correto. Estamos sempre subordinados a vontade da opinião pública", afirmou.