Após dois dias de tensão, acaba rebelião em presídio do Paraná

CURITIBA – Depois de 48 horas de tensão, com direito a presos sendo pendurados de ponta-cabeça e agredidos em cima do telhado, terminou na manhã de ontem a rebelião na Penitenciária Industrial de Guarapuava (a 252 km de Curitiba).
O acordo com os rebelados foi obtido por volta das 9h, após a Secretaria de Justiça do Paraná se comprometer a transferir 28 presos para outras unidades – o que era a principal reivindicação do motim, além de melhoria nas condições do presídio.
Os nove agentes penitenciários que ainda eram feitos reféns foram libertados na sequência, por volta das 11h30, sem ferimentos graves.
Esta foi a 21ª rebelião em presídios do Paraná neste ano. Em agosto, a mais grave delas terminou com cinco presos mortos na penitenciária de Cascavel (oeste do Estado), sendo dois deles decapitados.
Os agentes penitenciários, que já ameaçaram entrar em greve neste ano, se queixam de falta de segurança.
"Até quando os agentes vão ter que viver esse pesadelo?", afirmou a vice-presidente do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), Petruska Sviercoski. "Não dá mais para prorrogar o cumprimento de melhores condições de trabalho".
O sindicato acusa o governo de ter lotado as unidades para cumprir a promessa de diminuir o número de presos em carceragens de delegacias – o que era um dos principais problemas da segurança pública no Paraná.
DESFECHO – As transferências dos presos em Guarapuava começaram ainda pela manhã.
Apesar da libertação dos agentes penitenciários, a rebelião só será considerada encerrada quando forem liberados outros sete presos, condenados por crimes sexuais, que também são mantidos reféns.
Apenas uma ala da penitenciária foi dominada pelos rebelados. De acordo com o governo do Paraná, cerca de 80 presos comandaram a ação, queimando colchões e rendendo 13 agentes. Quatro deles foram liberados no decorrer da rebelião.
A Penitenciária Industrial de Guarapuava é considerada modelo. A unidade não abriga presos de alta periculosidade e oferece possibilidade de trabalho – há oito empresas instaladas no local, para produção de botas e móveis de escritório, entre outras atividades.
No momento da rebelião, o presídio não estava superlotado: abrigava 239 homens, com capacidade para 240 pessoas. Foi a primeira rebelião no local, criado há 15 anos.