Após encontro com o papa, Raúl diz que voltará à igreja

SÃO PAULO (Folhapress) – Após reunir-se com o papa Francisco na manhã de domingo, no Vaticano, o ditador cubano, Raúl Castro, 83, disse que voltará a frequentar a igreja se o pontífice mantiver o seu estilo.
"Se continuar falando assim, começarei a rezar e voltarei à igreja. E não digo isso como piada", afirmou Raúl ao primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, logo após o encontro com Francisco.
"Leio todos os seus discursos e, principalmente, os seus comentários", acrescentou, lembrando que tanto ele como seu irmão Fidel estudaram em Cuba em colégios jesuítas – a mesma ordem à qual pertence o papa.
Raúl Castro viajou à Europa para participar dos festejos pelos 70 anos do fim da Segunda Guerra, celebrado na sexta-feira (8).
No encontro deste domingo, Raúl agradeceu ao papa argentino pelos esforços que fez pela reaproximação entre a ilha caribenha e os EUA, iniciada em dezembro passado, e se disse tocado com o jeito simples do papa.
"Saí muito impressionado com sua sabedoria, com sua modéstia e com todas as virtudes que sabemos que ele tem", afirmou Raúl.
O dirigente falou também das mudanças em Cuba.
"Sou comunista (…). O partido nunca permitiu a missão dos que creem. Mas hoje é permitido que existam. É um passo adiante", disse.
Logo no início do encontro, que transcorreu em um ambiente de "cordialidade e familiaridade", segundo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, os dois trocaram alguns presentes.
Francisco deu a Raúl a exortação "O Evangelho da Alegria" e uma medalha de são Martinho de Tours (316-397), conhecido na tradição cristã por ter compartilhado seu abrigo com um mendigo.
Já Raúl entregou ao pontífice um quadro do artista cubano Kcho que retrata uma cruz feita com madeira de barcos de imigrantes que chegam à ilha de Lampedusa.