Aposentadoria é subsistência; quem quiser mais, que faça outra poupança, diz relator
LAÍS ALEGRETTI
BRASÍLIA (Folhapress) – O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), defendeu que a aposentadoria deve representar "subsistência" e que, para ter uma "vida melhor", o trabalhador deve fazer outro tipo de poupança.
"A Previdência não é pra quem ganha R$ 35 mil, R$ 40 mil. […] Aposentadoria é subsistência. Quem quiser ter vida melhor faça outro tipo de poupança", afirmou o relator a uma plateia de sindicalistas da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) na manhã desta terça (7).
Antes de ir para o plenário Câmara, a proposta de reforma da Previdência está na comissão especial que analisa o assunto. Caberá ao relator apresentar um parecer, que será votado pelo colegiado. Ele prevê a apresentação, com mudanças no texto original, para o fim deste mês.
Ao público de sindicalistas, o relator criticou a postura de funcionários públicos que participam da negociação da reforma -que afeta tanto servidores quanto trabalhadores vinculados ao INSS-, o que gerou reação da plateia.
"Tenho recebido muitas demandas dos funcionários públicos. […] Eles recebem salários muitas e muitas e muitas vezes maiores que do trabalhador privado. […] são justamente eles que vão para a comissão especial e fazem discurso inflamado a favor do pobre, do trabalhador, mas engraçado que, quando sobe para o oitavo andar, no meu gabinete, esquece do trabalhador e só trata da vida dele", afirmou Oliveira Maia.
A declaração do relator levou um participante do evento a questioná-lo, sob o argumento de que muitos servidores, principalmente de municípios, não recebem grandes salários.
"Perdoe se não fiz essa diferenciação. Você está certíssimo. Na minha cabeça estava o servidor público do primeiro escalão aqui em Brasília, que ganha muitas vezes acima do teto constitucional", respondeu Oliveira Maia.
Também na manhã desta terça, o presidente Michel Temer pediu apoio aos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para a reforma da Previdência e disse que quem reclama da proposta é "quem ganha mais".