“Armadilhas de partículas” levam o prêmio Nobel
WASHINGTON – O cientista francês Serge Haroche e o americano David Wineland são os ganhadores do Prêmio Nobel em Física de 2012 por terem conseguido observar o bizarro comportamento de partículas isoladas, em experimentos feitos na década de 1990.
Wineland, 68, do Nist (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA), conseguiu aprisionar íons individuais (átomos com carga elétrica) pela primeira vez em armadilhas eletromagnéticas sem destruí-las.
Serge Haroche, 68, do College de France, foi pioneiro no estudo de fótons (partículas de luz), que ele analisava dentro de armadilhas de espelhos.
Os dois foram pioneiros no campo de estudos hoje conhecido como óptica quântica. Seus trabalhos ganharam aplicações na construção dos relógios atômicos mais precisos do mundo. Eles também lançaram as bases técnicas para o desenvolvimento da computação quântica -tecnologia ainda experimental que busca processar informação a uma velocidade várias ordens de grandeza acima do que fazem os computadores atuais.
Wineland foi acordado ontem às 3h30 da madrugada em Denver (EUA) para atender ao telefonema da organização do Nobel. Disse que não esperava a notícia agora.
"Várias pessoas trabalham em computadores avançados e em relógios atômicos já há muito tempo", disse.
"É um pouco embaraçoso se concentrar em apenas dois indivíduos." A demonstração de modéstia, porém, não escondeu a felicidade: "Sinto-me como se tivesse ficado mais inteligente de repente!".
Em entrevista coletiva, Wineland reservou palavras de otimismo para a computação quântica, uma área de pesquisa que têm esbarrado em desafios para superar sua etapa mais rudimentar.
"No estágio atual, eu não recomendaria a ninguém comprar ações de empresas de computação quântica. Mas, à medida que a tecnologia se aprimorar, o computador quântico vai realmente exibir uma capacidade única", disse. "Talvez lá pela próxima década consigamos passar a usá-lo para resolver problemas que não são tratáveis num computador clássico."
Haroche recebeu a notícia do prêmio durante uma caminhada matinal com sua mulher. Sentou-se num banco de praça para atender à ligação depois de notar que o código de área era 46 -da Suécia, o país do Nobel.
Champanhe – Questionado sobre como iria comemorar, disse apenas: "Vou beber champanhe, é claro". O cientista francês afirmou que espera aproveitar a notoriedade do prêmio para "comunicar ideias, não apenas no nosso campo, mas na pesquisa básica em geral".
Para os físicos que trabalham com questões fundamentais da ciência, a importância dos trabalhos de Haroche e Wineland vai além do potencial de aplicação que eles exibem.
A física quântica previa fenômenos bizarros na escala microscópica, e alguns deles só puderam ser investigados diretamente após os trabalhos da dupla.
Uma das propriedades estranhas é o emaranhamento quântico, uma ligação-fantasma entre as propriedades de duas partículas distantes.
Paulo Nussenzveig, físico que trabalha com óptica quântica na USP, resumiu a importância dos dois: "O trabalho deles permitiu que colocássemos os pés na fronteira entre o mundo quântico e o mundo clássico."
Wineland, 68, do Nist (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA), conseguiu aprisionar íons individuais (átomos com carga elétrica) pela primeira vez em armadilhas eletromagnéticas sem destruí-las.
Serge Haroche, 68, do College de France, foi pioneiro no estudo de fótons (partículas de luz), que ele analisava dentro de armadilhas de espelhos.
Os dois foram pioneiros no campo de estudos hoje conhecido como óptica quântica. Seus trabalhos ganharam aplicações na construção dos relógios atômicos mais precisos do mundo. Eles também lançaram as bases técnicas para o desenvolvimento da computação quântica -tecnologia ainda experimental que busca processar informação a uma velocidade várias ordens de grandeza acima do que fazem os computadores atuais.
Wineland foi acordado ontem às 3h30 da madrugada em Denver (EUA) para atender ao telefonema da organização do Nobel. Disse que não esperava a notícia agora.
"Várias pessoas trabalham em computadores avançados e em relógios atômicos já há muito tempo", disse.
"É um pouco embaraçoso se concentrar em apenas dois indivíduos." A demonstração de modéstia, porém, não escondeu a felicidade: "Sinto-me como se tivesse ficado mais inteligente de repente!".
Em entrevista coletiva, Wineland reservou palavras de otimismo para a computação quântica, uma área de pesquisa que têm esbarrado em desafios para superar sua etapa mais rudimentar.
"No estágio atual, eu não recomendaria a ninguém comprar ações de empresas de computação quântica. Mas, à medida que a tecnologia se aprimorar, o computador quântico vai realmente exibir uma capacidade única", disse. "Talvez lá pela próxima década consigamos passar a usá-lo para resolver problemas que não são tratáveis num computador clássico."
Haroche recebeu a notícia do prêmio durante uma caminhada matinal com sua mulher. Sentou-se num banco de praça para atender à ligação depois de notar que o código de área era 46 -da Suécia, o país do Nobel.
Champanhe – Questionado sobre como iria comemorar, disse apenas: "Vou beber champanhe, é claro". O cientista francês afirmou que espera aproveitar a notoriedade do prêmio para "comunicar ideias, não apenas no nosso campo, mas na pesquisa básica em geral".
Para os físicos que trabalham com questões fundamentais da ciência, a importância dos trabalhos de Haroche e Wineland vai além do potencial de aplicação que eles exibem.
A física quântica previa fenômenos bizarros na escala microscópica, e alguns deles só puderam ser investigados diretamente após os trabalhos da dupla.
Uma das propriedades estranhas é o emaranhamento quântico, uma ligação-fantasma entre as propriedades de duas partículas distantes.
Paulo Nussenzveig, físico que trabalha com óptica quântica na USP, resumiu a importância dos dois: "O trabalho deles permitiu que colocássemos os pés na fronteira entre o mundo quântico e o mundo clássico."