As consequências dos próprios atos…
Se os pais não arcam com as consequências de educar os filhos, como esperar que os filhos assumam as consequências dos próprios atos? Como esperar que os filhos se tornem quando adultos cidadãos de bem, sensatos no seu viver, pensar e agir, consigo mesmo e com o próximo? Como contribuir com a minha família para que as coisas melhorem? O que eu posso fazer para diminuir a confusão?
Os pais devem ter objetivos comuns, e direcionar os esforços no mesmo rumo, aplicar os recursos em metas que garantam a sua sobrevivência. Como uma equipe, o casal deve decidir cooperativamente para o bem comum e aplicar o princípio da reciprocidade em cada decisão. Se não for assim, então vale uma reflexão: pra que casar e ter uma família? Casar para frustrar um ao outro, na tentativa de fazer do cônjuge uma "marionete" é a fórmula certa, para a solidão, angústia e brigas dentro do núcleo familiar. Em meu consultório, tenho constatado que vários casos onde o paciente encaminhado para psicoterapia é uma criança ou adolescente com queixa de hiperatividade, nervosismo, ansiedade, depressão ou qualquer outro sintoma de problema, tem em grande parte sua origem ou causa nos problemas e crises vividos pelo casal e/ou na família.
Isso faz sentido, pois os resultados destes conflitos, muitas vezes tensos e mal resolvidos do casal, acabam que se projetando nos filhos e caem sobre eles como estigmas que passam para as gerações seguintes. Ensinar os filhos a assumirem responsabilidades pelos seus atos e serem pessoas sensatas e equilibradas emocionalmente não é uma tarefa fácil. Exige dos pais estarem integrados e unidos a serem exemplo para seus filhos, havendo coerência no seu discurso e na prática deste, pois aquele ditado "faça o que eu digo mas, não faça o que eu faço" NÃO se aplica ou é ineficaz quando o assunto é educar filhos. O trabalho e esforço dos pais deve ser de cooperação, e não o de competição, onde um quer se sobressair sobre o outro.
O casamento é um contexto social onde o casal exerce uma influência poderosa um sobre o outro. Se a relação for má, eles acabam por usar os filhos para se combaterem um ao outro e prejudicam todos à sua volta. É mais prudente uma relação cooperativa, visando a um alvo positivo comum. Assim, o esforço será mais recompensador, a compreensão mais valorizada e o discernimento mais objetivo. Numa moldura de cooperação, a vida é muito mais agradável, harmoniosa e pacífica. Logo, a qualidade de vida é mais satisfatória. Cria-se um ambiente ideal para os filhos aprenderem com os pais, imitá-los e identificarem-se com eles. O esforço dos pais para agirem dentro de um contexto de cooperação apresenta maior perseverança na execução da tarefa. O relacionamento é mais positivo e o apoio entre o casal é maior. Dentro de um ambiente de cooperação, há maior atração entre os indivíduos da família. Eles gostam mais e há maior respeito mútuo.
Para construir responsabilidade nos filhos, antes de pensar em punir, castigar, ser firme ou deixar arcar com as consequências, é necessário que o ambiente do lar seja de parceria e de comum acordo entre os pais, e não de competição, brigas e discussões exageradas. Trata-se de uma tarefa árdua, sim, mas sem dúvida compensadora.
Colaboração de Marcelo Fernando Rojas Rios