As funções do Congresso Nacional

Dirceu Cardoso Gonçalves*

As forças no Congresso Nacional empenham-se, demagogicamente, para convocar ou evitar a convocação (para depor) do filho de Lula, do próprio ex-presidente e de outros figurões políticos e seus parentes ou aliados.
Os deputados e senadores, homens e mulheres regiamente pagos com o dinheiro do povo, não deveriam perder o precioso tempo do país e da opinião pública com aquilo que todos sabem que, após o glamour da mídia, vira pizza.
Devem deixar essas questões com a polícia, o Ministério Público e a Justiça, que já cuidam e têm condições e competência para resolvê-las. Em vez de os oposicionistas fustigarem para agravar a situação do líder petista e os situacionistas mobilizarem forças para protegê-lo, todos deveriam se debruçar sobre os graves problemas que determinam a crise econômica e a recessão do país.
O Congresso, afinal de contas, não é delegacia de polícia e nem fórum. Em vez de escandalosas e improdutivas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), os srs. congressistas deveriam trabalhar pelo bem-estar do povo.
Quanto aos malfeitos, esperar apenas para decidir quando os fatos apurados pelas instâncias competentes envolverem detentores de mandatos que, comprovada a autoria, são passiveis de cassação.
Se membros do governo, do parlamento, dos partidos ou de qualquer instituição cometeram ilícitos, as instituições policiais e judiciárias são capazes de apurar, processar e encarcerar os malfeitores, como já ficou provado no Mensalão e comprovado agora na Operação Lava-Jato e suas derivadas.
Toda vez que o Congresso se põe em apurar em paralelo, apenas tumultua e nada produz como, ainda recentemente, se verificou na CPI da Petrobras. Mais fácil seria o Legislativo, na devida hora, cumprir sua missão – cassando ou não – o mandato dos agentes públicos envolvidos, sem aliviar nem superdimensionar o problema de cada um.
Para a população, mais importante do que correr atrás dos propineiros de fora ou de dentro do governo, é a solução da crise e o estabelecimento da normalidade nacional. Os roubos – que por muito tempo passaram impunes – hoje estão em apuração pelas instâncias devidas.
O governo deveria se esforçar para efetivamente governar e os parlamentares se preocuparem com a vida nacional num espectro mais amplo do que a rasteira troca de acusações e o preferencialismo entre grupos políticos ou ideológicos.
Se Lula, Dilma, seus filhos, parentes amigos, correligionários ou quem que seja cometeram ilícitos, têm de ser chamados à responsabilidade e arcar com as consequências. Ao Congresso só cabe, a rigor, quando os processos ganharem conclusão, verificar se existem entre os envolvidos detentores de mandatos para cassar por falta de decoro ou improbidade.
As outras coisas que os nobres deputados e senadores têm cuidado são atribuições de polícia e justiça e eles nada podem fazer para solucionar.

*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)