Assassinatos podem estar ligados a delações sobre crimes

Um dos jovens executados a tiros na madrugada de quinta-feira em Querência do Norte pode ter falado demais quando foi preso em setembro do ano passado, ou seja, ter delatado algumas pessoas que, em retaliação, o mataram ou encomendaram a morte. Esta é uma das linhas de investigação da Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar os crimes. Uma coisa é certa: as execuções foram feitas pelo mesmo grupo.
O delegado de Loanda, Alisson Tinoco, que preside o inquérito, lembrou ontem que a vítima em questão estava no regime semiaberto e usava tornozeleira eletrônica. O homem foi preso em setembro do ano passado e prestou um longo depoimento, delatando crimes e criminosos.
Sua situação progrediu de regime em setembro deste ano, depois da condenação e o consequente direito de ficar solto, monitorado por tornozeleira. Retornou para Querência do Norte, onde morava, até ser baleado e morto anteontem de madrugada.
Já a segunda vítima é conhecida da Polícia e teve alguns problemas recentemente. Porém, era considerado menos atuante no mundo do crime. Ainda assim, é certo que as mortes estão relacionadas e foram de autoria do mesmo grupo.
Tinoco diz que ainda é cedo para apontar suspeitos ou determinar autoria, mas não descarta que os criminosos ainda estejam em Querência do Norte.
Como explica, o município tem um grande território e uma zona rural bastante extensa, inclusive muitas ilhas ao longo do Rio Paraná. Isto facilitaria um eventual esconderijo, sem sair do município.
O CRIME – Os dois jovens, 22 e 23 anos, foram executados a tiros pouco depois das três horas da madrugada de quinta-feira. Os crimes em sequência aconteceram na Rua São Salvador, área conhecida como Vila da Fumaça, em Querência do Norte.
A primeira vítima estava na casa de um amigo quando dois homens armados entraram na área da residência e exigiram que todos se deitassem no chão. Atiraram apenas no rapaz, que morreu na hora.
Poucos minutos após, a mesma dupla foi até outra residência, também na Rua São Salvador, onde estava a segunda vítima, 23 anos. Os matadores bateram na porta da casa. Ao perceber que seria morto, o rapaz fugiu. Correu por cerca de 30 metros até um terreno baldio, onde foi alcançado e assassinado.
A tragédia poderia ter sido pior. Isso porque os matadores pretendiam eliminar outras duas pessoas. Numa casa chegaram a entrar, mas a possível vítima não estava.