Assassino confesso de Goiás “continua com vontade de matar”, diz polícia

SÃO PAULO – Na madrugada de ontem, o assassino confesso de 39 pessoas em Goiânia afirmou a policiais da Denarc (Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos), onde está preso desde o dia 14, que "continua com vontade de matar".
A informação foi repassada pelo delegado Eduardo Prado em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiânia.
Ainda segundo o delegado, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha perguntou também se responderia criminalmente caso cometesse um assassinato dentro da cadeia.
Mesmo após declarar que estava arrependido dos crimes, Rocha disse à polícia que foi essa "vontade de matar" que o levou a praticar os assassinatos.
O delegado disse à emissora que o vigilante também vem pedindo bebida alcoólica.
DEFESA – O advogado do vigilante deixou a defesa dele, ontem. Thiago Huáscar Vidal permaneceu à frente do caso, que ganhou repercussão internacional, por apenas sete dias.
Em entrevista à Folha de S.Paulo ele disse que desistiu da defesa por divergências no valor dos honorários.
"É um caso complexo, que exige tempo e dedicação. Hoje, a mãe dele me procurou dizendo que não teria condições de cumprir o pré-acordo porque não possui condições financeiras. Por isso, abandonei a defesa", afirmou Vidal.
No período em que defendeu o vigilante, Vidal disse que ficou surpreso com os detalhes de cada morte admitida por Rocha à polícia. O homem confessou o assassinato de mulheres, moradores de rua e homossexuais em Goiânia.
"Antes do depoimento, eu o orientei a não produzir provas contra ele mesmo. Mas ele bateu na mesa e disse que falaria sim, que precisava tirar um peso", afirmou Vidal. "O homem é doido. Quem em sã consciência vai confessar crime?"
Vidal afirmou que, no Tribunal do Júri, sua estratégia seria a de tentar provar que Tiago não tem condições de responder pelos próprios atos.
"Não daria para negar a autoria do crime, porque exames de balística já comprovaram que ele [Rocha] matou. A estratégia seria mostrar que ele é inimputável", afirmou.
De acordo com Vidal, nos últimos dias o vigilante pediu diversas vezes para ler reportagens sobre ele.
"Um jornal inglês me procurou para uma entrevista. Quando eu comentei o fato, ele disse que tiraria fotos para o jornal, mas que antes precisaria fazer o cabelo e a barba", disse o advogado.
A reportagem tentou contato com a Polícia Civil em Goiânia para saber se Rocha já tem um novo defensor, mas ninguém atendeu as ligações durante a tarde.