Assis do Couto destaca toda atividade do campo, incluindo o chamado agronegócio

O deputado federal Assis do Couto (PDT) está na região de Paranavaí desde ontem e segue hoje um roteiro de visitas a vários municípios. O parlamentar visitou o Diário do Noroeste e falou sobre vários temas, especialmente agricultura familiar, eleições estaduais 2018 e conjuntura nacional.
Couto falou da importância da atividade rural e algumas mudanças que conseguiu implantar a partir da lei 11.2326/2006, fixando as normas para a caracterização da agricultura familiar. Ele destaca a importância de toda atividade do campo, incluindo o chamado agronegócio.
No entanto, aponta que é preciso impor limites, como o piso nacional de frete, estabelecendo preço justo no transporte da produção. Também defende o uso racional dos agrotóxicos, hoje designados “pesticidas”.
Como adverte, o uso indiscriminado de veneno expõe a atividade agrícola familiar a vários perigos. Um desses perigos é sentido diretamente e afeta algumas culturas, dentre elas, a sericicultura, produção de hortaliças e até mesmo as pessoas que vivem no campo.
A chamada bancada ruralista é composta por cerca de 200 parlamentares, número que varia de acordo com o tema a ser apreciado. Ele deu o exemplo de atuação em bloco quando do debate sobre a fiscalização doa agrotóxicos, hoje de competência da saúde. Defende a permanência, como é em outros países, dentre eles, os Estados Unidos da América.
Sobre a pesquisa visando reduzir a necessidade de veneno, Couto vê poucas perspectivas. Analisa que a maioria das pesquisas tem patrocínio da iniciativa privada e isso faz com que os financiadores sejam os mesmos que comercializam os pesticidas. E vai além: a maioria de tais empresas vende também o remédio, depois de uma eventual intoxicação.
O deputado defende a simplificação dos serviços de inspeção de produtos animais, que hoje se dão em três esferas (municipal, estadual e federal). Muitas vezes, o pequeno e o médio produtores não conseguem a inspeção federal e são excluídos do grande mercado.
Uma contradição, opina, pois os profissionais que atestam são de mesma formação e competência e apenas uma inspeção, ainda que municipal, poderia valer para todo o território nacional.   
Com relação ao Código Florestal, o deputado enumera os avanços como a delimitação da área de proteção nas margens dos rios de acordo com o tamanho da propriedade. Também a área da reserva legal sofreu alterações, ficando o produtor rural livre de tal obrigação.
Considera-se agricultor familiar o proprietário de área com até quatro módulos fiscais e sem empregados fixos. O módulo fiscal varia em cada região em hectares de acordo com o valor da terra e produtividade, entre outros parâmetros.  
Assis do Couto defende ainda a retomada da indústria nacional, que vem perdendo força nas últimas décadas e hoje representa apenas 11% do Produto Interno Bruto (PIB). Em outras palavras, analisa que é preciso transformar a matéria-prima e não apenas exportá-la.  
Sobre o desempenho parlamentar, o deputado diz que foi eleito pela CMN (Confederação Nacional dos Municípios) o deputado que mais atenção dispensou aos municípios do Paraná. Ele ficou em 9º nacionalmente, levando em conta os 513 parlamentares. Trata-se de uma avaliação que verifica como o parlamentar votou em relação aos interesses municipalistas.  
ELEIÇÃO PARA O GOVERNO – O parlamentar considera o cenário ainda imprevisível na eleição para governador do Estado. Confirma que Osmar Dias será o candidato do PDT e busca composições até o fim do prazo das convenções. Lembra que o MDB aprovou no último sábado que uma eventual coligação deve ser com Osmar Dias.
Por outro lado, cita que há dois postulantes da base governista. No plano federal o cearense Ciro Gomes será o candidato a presidente.   
AGENDA – Ontem o parlamentar teve compromissos em Alto Paraná, Tamboara, Paraíso do Norte (13 horas), Paranavaí, Guairaçá e Terra Rica (20 horas). Para hoje, deve visitar Nova Londrina, Marilena, Querência do Norte e São Jorge do Ivaí.
INFORMAÇÕES NACIONAIS – Levantamento feito pelo portal Governo do Brasil e publicado no início deste mês mostra que a agricultura familiar tem um peso importante para a economia brasileira. Com um faturamento anual de US$ 55,2 bilhões, caso o país tivesse só a produção familiar, ainda assim estaria no top 10 do agronegócio mundial, entre os maiores produtores de alimentos.
Os dados fazem parte de uma comparação entre dados do Banco Mundial e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Quando se soma a agricultura familiar com toda a produção, o Brasil passa de oitavo maior para a quinta posição, com faturamento de US$ 84,6 bi por ano.
De acordo com o último Censo Agropecuário, a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do País e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo.
A agricultura familiar ainda produz 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café e 21% do trigo. O setor também é responsável por 60% da produção de leite e por 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.