Atendimento a crianças e adolescentes será tema de capacitação em Paranavaí

Na próxima sexta-feira (25), Paranavaí terá um encontro para tratar sobre “Combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes”. Profissionais que atuam na rede de proteção desse público participarão do evento, uma capacitação que visa ao fortalecimento das ações, alcançando mais eficácia nos atendimentos.
A palestra principal será ministrada por Uilson José Gonçalves Araújo, que é consultor, assessor e professor de Políticas Públicas nas áreas de assistência social, saúde e educação. A partir dessa atividade, a ideia é buscar ferramentas para identificar casos, aprimorar a abordagem às vítimas e encontrar maneiras práticas de fazer os devidos encaminhamentos.
O encontro está sendo organizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) e organizações da sociedade civil.
A secretária municipal de Assistência Social, Tasiane Cristina de Souza, informou que o evento é alusivo ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio). Ao longo da semana, outras ações foram desenvolvidas em Paranavaí com o mesmo propósito.
PROTEÇÃO – A rede de proteção a crianças e adolescentes reúne diferentes setores do poder público e outras organizações. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) está nessa lista e atende as vítimas de violência ou de abuso, ou seja, quando já houve violação dos direitos.
De acordo com a coordenadora do Creas, Simone Aparecida Gervazoni Felipe, a maioria dos casos é encaminhada pela Delegacia da Mulher, pelo Conselho Tutelar ou pelo Fórum Judicial. As vítimas e os familiares recebem atendimento e acompanhamento multidisciplinar.
Esse trabalho dura pelo menos seis meses e pode se estender por alguns anos, conforme a gravidade do caso e a necessidade de intervenção junto à vítima e aos familiares. Os envolvidos participam de uma série de atividades individuais e em grupo, com o objetivo de reduzir os efeitos da violência ou do abuso.
A partir disso, as vítimas são encaminhadas para o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), continuam sendo monitoradas pela equipe de profissionais multidisciplinar e são integradas a grupos de atividades diversas. O Cras também atua na prevenção à violação de direitos de crianças e adolescentes.
VIOLÊNCIA – Crianças e adolescentes podem ser vítimas de diferentes tipos de violência e abuso. Além das agressões físicas e psicológicas que sofrem, existem os casos em que são obrigados a manter algum tipo de contato sexual com adultos.
Segundo a psicóloga Maria Cristina Pontes, responsável pelas ações voltadas a crianças e adolescentes dentro do Creas de Paranavaí, a maior parte dos autores da violência faz parte do convívio das vítimas. “A maioria está dentro da família”.
Em 2017, foram registrados 33 casos de violência contra crianças e adolescentes. Desse total, oito eram meninos: quatro com até seis anos de idade, três com sete a 12 anos e um com 13 a 17 anos. Das 25 meninas, sete tinham até seis anos de idade, nove com sete a 12 anos e nove com 13 a 17 anos de idade.
De janeiro a abril deste ano, o Creas contabilizou 15 novos casos de violação dos direitos de crianças e adolescentes. Foram cinco meninos de diferentes faixas etárias e 10 meninas, também com diferentes idades.
COMPORTAMENTO – A secretária de Assistência Social destacou que as vítimas de abuso sexual apresentam mudanças comportamentais bastante características. Podem, por exemplo, manifestar resistência a adultos, isolamento social, choro frequente e hipersexualização.
Os casos de violência – física ou psicológica – também tendem a resultar em mudanças de comportamento. Além da agressividade e das manifestações semelhantes às do abuso sexual, crianças e adolescentes podem apresentar hematomas e outros sinais físicos.
DENÚNCIAS – Coordenador de Proteção Social Especial da Secretaria de Assistência Social, Vanderlei Peres falou sobre a importância de prestar atenção às mudanças comportamentais. Podem ser indicativos de violação de direitos e, portanto, são passíveis de denúncia.
Ele explicou que a informação sobre os possíveis casos de agressão ou abuso não resultará em punição imediata aos suspeitos. Inicialmente, o objetivo é garantir a proteção dos menores de idade. Enquanto isso, são feitas investigações para comprovar ou descartar as suspeitas.
As denúncias podem chegar à Delegacia da Mulher ou ao Conselho Tutelar. Além de familiares e pessoas próximas às crianças e aos adolescentes, a situação de violação dos direitos pode ser relatada por professores ou profissionais de saúde que atendam essas vítimas.
Se a preferência do denunciante for pelo anonimato, um dos caminhos é o contato por telefone. As opções são: Disque 100 e Disque 180, em todo o território nacional, além do Creas de Paranavaí – 3902-1017 – e do Conselho Tutelar de Paranavaí – 3902-1123 e 99133-0702.

Dia de combate ao abuso e à exploração sexual
Na última sexta-feira (18), uma série de atividades foi realizada em Paranavaí para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Ao longo do dia, foram realizadas dinâmicas no Centro de Atendimento Especial à Criança e ao Adolescente de Paranavaí (Cecap). Uma delas teve como objetivo mostrar que é importante procurar adultos de confiança com quem possam falar, caso sejam vítimas de algum tipo de violência ou abuso.
À tarde, foi a vez de adolescentes que frequentam o Centro da Juventude irem às ruas para chamar a atenção da comunidade para os casos de agressão e violência sexual contra menores de idade. Eles fizeram esquetes e levantaram faixas e cartazes.