Ativista já percorreu 8 mil km empurrando uma cadeira de rodas

O ativista mineiro José Geraldo de Souza Castro, o Zé do Pedal chega ao Rio de Janeiro, concluindo mais uma etapa do projeto “Cruzada pela Acessibilidade”, um percurso entre os extremos das fronteiras do Brasil (Monte Caburaí/Roraima ao Chuí/Rio Grande do Sul).
A caminhada, empurrando uma cadeira de roda, teve início no dia 10 de fevereiro de 2014, e já percorreu mais de 8.000 quilômetros passando pelos estados de Roraima, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais. A meta é chegar ao Chuí dia 21 de setembro próximo, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.
Durante o percurso, Zé prega um pouco mais de consciência em respeito ao próximo, cujos movimentos, provisórios ou definitivamente, o impossibilitem de andar. Ele sabe que o sacrifício de cobrir a distância entre os extremos do País, para os chamados “perfeitos”, é muito menor do que o percurso entre dois quarteirões de muitas cidades, para quem depende de uma cadeira de rodas ou de muletas para se locomover.    
Zé disse que o projeto “Cruzada Pela Acessibilidade” teve sua semente lançada em junho de 2008, durante sua viagem em um kart a pedal de Paris a Johanesburgo. Na passagem pela cidade de León, no caminho francês da rota de peregrinação de Santiago de Compostela, em um dado momento, ouviu uma voz feminina dizendo “no puedo” (não posso). Olhou e viu uma jovem em uma cadeira de rodas tentando subir uma rampa que possuía um pequeno degrau.
Com a ajuda de outras pessoas a jovem conseguiu seu intento, mas a privação da liberdade, aliada à dependência da boa vontade alheia, tocou o coração do aventureiro: “As barreiras naturais são obstáculos para todos. Porém, as arquitetônicas, instaladas em concretos nas calçadas, edificações e ruas de cidades são obras do homem. Se o homem consegue interferir nas obras de Deus, porque não interferir nas “fabricadas por ele”, o homem?”, concluiu o humanista.
De acordo com o ativista, o projeto, tem como objetivo precípuo entregar, nas Câmaras Legislativas dos Municípios visitados, uma proposta de Projeto-Lei sobre Normas de Acessibilidade e outra para a criação de Conselhos Municipais dos Direitos da pessoa com Deficiência e o de conscientizar as pessoas, principalmente aquelas com poderes de decisão, a terem mais respeito com as pessoas deficientes (hoje em dia podem-se ver pessoas em cadeiras de rodas impossibilitadas de entrar em um banco ou setor público, por falta de rampas de acesso ou de elevadores). E, projetar uma imagem diferente das pessoas com deficiências que não gere pena, senão Igualdade – Dignidade – Respeito, pois apenas eliminando as barreiras arquitetônicas e sociais que dificultam às pessoas deficientes a participarem ativamente em todos os aspectos da vida social teremos um mundo mais justo e mais humano.