Atlético-MG busca título inédito da Libertadores

O Atlético-MG e seu técnico, Cuca, têm hoje a chance de reverter a fama de azarados se conseguirem vencer o Olimpia-PAR na final da Libertadores – título mais importante de suas trajetórias.
Para pôr fim à sina, a equipe mineira precisa de uma vitória no Mineirão, às 21h50, por três gols de diferença.
Na partida de ida da final, os paraguaios ganharam em casa por 2 a 0. Caso o placar se repita, o título será decidido na prorrogação e, se for necessário, nos pênaltis.
Desde a derrota para o argentino Newell’s Old Boys no primeiro jogo da semifinal, Cuca foi questionado várias vezes sobre o fato de ser tido como treinador pé-frio.
"Se Deus quiser, a consagração vai vir quarta-feira. É o jogo mais importante da história do clube e, automaticamente o nosso. Ou você acha que eu não quero ganhar uma Libertadores para vocês pararem de encher o saco e me chamarem de azarado”, disse o técnico na última sexta-feira.
Quando treinava o São Paulo, Cuca foi eliminado da Libertadores de 2004 na semifinal para o Once Caldas. Sete anos depois, fez com o Cruzeiro a melhor campanha da primeira fase da competição, mas caiu nas oitavas, outra vez para os colombianos.
Em seu currículo, ele acumula até hoje títulos de torneios estaduais. Ele foi campeão do Estadual do Rio em 2009, pelo Flamengo, e venceu as três últimas edições do Mineiro (2011 à frente do Cruzeiro e as duas mais recentes com a equipe alvinegra).
Fundado em 1908, o Atlético-MG não conquista um título de expressão desde 1971, quando venceu o Campeonato Brasileiro. Nesse período foi diversas vezes campeão mineiro e da extinta Copa Conmebol em 1992 -contra o próprio Olimpia – e em 1997.
O clube vive seus fantasmas desde 1977, quando tinha o melhor time do Brasileiro e perdeu o título nos pênaltis para o São Paulo, em pleno Mineirão. Três anos depois, a derrota na final do Nacional foi para o Flamengo.
Até o final dos anos 90, o time mineiro sempre teve bons desempenhos na principal competição nacional. Nesse período, sustentou-se no topo do ranking da CBF mesmo sem os títulos, apenas chegando entre os primeiros colocados.
Por tudo isso, os fantasmas alvinegros se acumularam e poderão ser exorcizados com o título sul-americano.
Independentemente da conquista, uma mudança de atitude se processou no clube desde a chegada de Cuca e, sobretudo, de Ronaldinho.
A confiança na equipe aumentou e a torcida abandonou os gritos de "raça” e passou a valorizar também o futebol técnico e bem jogado do time, com os quais estava desacostumada.
Durante o jejum de conquistas importantes, o clube ainda viu o seu maior rival, o Cruzeiro, vencer duas vezes a Libertadores, uma o Brasileiro e quatro a Copa do Brasil.
ATLÉTICO-MG x OLIMPIA. Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte. Árbitro: Wilmar Roldán (COL). NA TV: Fox Sports, Globo e SporTV

Técnico carrega fama de ranzinza e supersticioso
Em quase 30 anos como jogador e treinador, Cuca, 50, não conquistou um título de expressão, mas cultivou uma fama difícil de ser perdida mesmo que ele leve o Atlético-MG à conquista inédita da Libertadores.
"Ele era muito ranzinza", entregou Rubens Minelli, 84, que já treinou Cuca.
"Ele reclamava com os árbitros das faltas que recebia e reclamava também quando a falta não era marcada", afirmou o ex-treinador. "Vejo que ele ainda reclama da arbitragem", completou.
Apesar de negar a fama, o treinador do Atlético-MG também é supersticioso.
Na semana passada, a Fifa relatou em seu site que o técnico, por exemplo, não gosta que o ônibus que leva a delegação ande de ré.
O comandante do time mineiro também entra com o pé direito em campo.
No jogo de volta pela semifinal da Libertadores, contra o Newell’s Old Boys, Cuca acompanhou a classificação à final ajoelhado e vestido mais uma vez com uma camiseta com a imagem de Nossa Senhora.
O Atlético-MG conseguiu a vaga na decisão do torneio após cobrança de pênaltis – havia vencido por 2 a 0  no tempo normal, no estádio Independência.
Outro treinador que confirma as histórias de Cuca é Cláudio Duarte, 62, que também trabalhou com o atleticano. Em 1989, ele dirigiu Cuca no Grêmio.
Na oportunidade, o ex-meia marcou o gol que garantiu ao clube gaúcho o título da Copa do Brasil.
Cuca, porém, não confirma as histórias.
Rubens Minelli e Cláudio Duarte elogiam o ex-meia como jogador.
"Ele era um jogador dedicado, que pensava no coletivo. Ele sempre estava disposto a colaborar com o time", afirmou Duarte.
"Era um meia moderno, que atacava, defendia e chutava muito bem ao gol. Tinha muita personalidade", disse Minelli.