Autor de atentado em Nice era “solitário” e “silencioso”

Descrito por seus vizinhos como "solitário" e "silencioso", Mohamed Bouhlel, 31, nascido em Msaken, na Tunísia, não parecia ser uma pessoa religiosa e frequentemente era visto de bermuda, conta Sébastien, um vizinho do edifício de quatro andares onde o criminoso morava.
Casado e pai de três filhos, o terrorista não era conhecido pelas autoridades tunisianas por apoiar visões radicais do islamismo. Embora não se saiba quando ele residiu no país pela última vez, fontes afirmam que ele foi a sua cidade natal há quatro anos.
Já a ex-mulher de Bouhlel foi detida nesta sexta-feira pelos investigadores franceses, informou uma fonte policial. Os investigadores tentam estabelecer as motivações do tunisiano interrogando parentes, mas também tentam saber se ele contou com a ajuda de um cúmplice.
Uma família numerosa, que também vive no prédio inspecionado, afirmou que o jovem nunca os cumprimentava. No térreo, uma vizinha disse que não confiava nele porque "olhava com muita insistência para suas duas filhas".
A varredura, em um bairro popular do leste da cidade, foi feita por policiais de elite a partir das 9h30 locais (4h30 de Brasília) e também contou com a participação de membros da polícia técnica e científica.
Às 12h, as forças de ordem bloquearam a rua e vasculharam, com a ajuda de um cachorro, um pequeno caminhão que estava a 100 metros do edifício. Durante a operação foi ouvida uma pequena explosão, relatou a AFP.
Bouhlel, que fazia entregas na principal cidade da Riviera Francesa, já era conhecido pela polícia por outros crimes. Em março, foi condenado a seis meses de prisão por agressão, mas a pena foi suspensa. Ele não era monitorado pelos serviços de inteligência da França.
TENTARAM DETER MOTORISTA – Ao menos dois homens se arriscaram para tentar parar o caminhão que atropelou dezenas de pessoas nesta quinta (14) em Nice, na França.
Segundo relato de um jornalista alemão, um motociclista tentou deter o caminhão. "Eu estava no balcão [de um hotel] de frente para a promenade des Alglais e vi as pessoas celebrando [o Dia da Bastilha. De repente, um caminhão se dirigiu à multidão", contou o jornalista Richard Gutjahr à AFP.
"Dirigia muito lentamente e isso era surpreendente. Foi seguido por um motociclista que vinha por trás dele, que tentou ultrapassá-lo e até abrir a porta do caminhão", disse o alemão. "Aí ele caiu e as rodas do caminhão passaram por cima dele."
Gutjahr disse que, após a polícia começar a disparar contra o caminhão, o terrorista acelerou e fez um ziguezague em meio à multidão. Tudo durou "60 segundo, no máximo, do início ao fim".
Um pedestre também chegou a saltar na cabine do caminhão na tentativa de deter o motorista, que respondeu com tiros.
Segundo relato do jornal francês "Le Figaro", o homem, então, desceu da cabine.
O motorista só parou quando foi morto por policiais. Ainda segundo o "Le Figaro", o caminhão ficou com ao menos 50 marcas de tiro.