Autor do livro refez caminho dos desbravadores da Cerretera
Namorados durante 4 anos, a jornalista Sabrina Chinelato, de 23 anos, e o economista Henrique Fonseca, de 30, só pretendem voltar ao Brasil em 2020.
Os dois saíram em 9 de outubro do ano passado de Minas, após venderem tudo o que tinham – de móveis e roupas a eletrônicos e câmeras antigas.
A bordo de um Land Rover Defender 110 apelidado de Mochileiro, adaptado com sofá-cama, armários, geladeira, pia, caixas d’água e fogão a gasolina de duas bocas, eles passaram dois anos programando a rota pelos cinco continentes.
Em três anos e meio, pretendem cruzar 75 países e registrar tudo no site terraadentro.com, Facebook e YouTube. Fotógrafos, eles vendem cliques da aventura a bancos de imagem para ajudar no orçamento. “Nosso objetivo é conhecer o mundo e compartilhar com as pessoas nossas fotos e nossos relatos”, explica Sabrina.
O começo foi pela América do Sul, onde alcançaram 4,7 mil metros de altitude na Cordilheira dos Andes, na fronteira de Chile e Argentina.
“Foi uma aventura. O carro sentiu muito, parávamos de dez em dez minutos”. Pelo caminho, encontraram muitos brasileiros de carro e moto e muitos europeus de caminhão, incluindo franceses, suíços e alemães.
“Alguns parecem caminhões de guerra e levam praticamente uma casa dentro”, conta Sabrina. “Esses viajantes que caem no mundo de carro são conhecidos como overlanders.”
Sabrina e Henrique também nunca tinham ouvido falar da Expedição Brasileira pela Estrada Pan-Americana de nove décadas atrás e ficaram muito impressionados.
“Fora as condições dos carros em 1928, consideravelmente muito piores do que as de hoje, nem imaginamos como deviam ser os países que eles encontraram pelo caminho. Hoje, em 2017, a gente ainda encontra dificuldade, estradas ruins, povoados bem pequenininhos, às vezes falta de estrutura. Ficamos impressionados como há quase 90 anos esses aventureiros fizeram essa grande viagem. Vamos cruzar todos os países que eles percorreram e acrescentar o Canadá e o Chile. Muito bacana saber dessa história. Será uma grande inspiração para a gente”.
ESCRITOR TAMBÉM REFEZ CAMINHO – Um ano depois de lançar “O Brasil Através das Três Américas”, o escritor Beto Braga também refez o caminho da expedição pelas três Américas com a mulher, Márcia, e os dois filhos, Caio e Renato.
Em vez de calhambeques, a família viajou numa caminhonete Ford Excursion XLT munida de GPS e câmera GoPro. Os quatro saíram de Bauru, no interior de São Paulo, em 16 de abril de 2011 – no aniversário de 83 anos da expedição – e passaram um ano na estrada.
Entre 16 de abril de 2011 e 20 de abril de 2012, atravessaram 20 países, de Ushuaia, na Argentina, a Prudhoe Bay, no Alasca.
“Acrescentamos cinco países ao caminho original”, conta Beto. “Entre eles, o Chile pela importância da Carretera Panamericana no desenvolvimento do país; a Venezuela, que estava prevista no projeto inicial e foi um importante ramal a ser conectado na rodovia principal; e a República Dominicana, pelo convite do Instituto Panamericano de Geografia e História, órgão oficial da Organização dos Estados Americanos (OEA), para fazer a abertura da reunião do Conselho Diretivo em novembro de 2011.”
Pelo caminho, Beto divulgou a história da Expedição Brasileira da Estrada Pan-Americana, encontrou autoridades e historiadores e entregou seu livro em academias e bibliotecas.
No blog novaexpedicao.blogspot.com, publicou um diário de bordo, com detalhes e fotos da viagem. Ele também pesquisou reportagens da época sobre a expedição em arquivos nacionais locais e coletou material pelos países por onde passou.
Agora, pretende escrever um novo livro, sobre a construção da estrada, com base nos documentos que encontrou em arquivos dos Estados Unidos.
Segundo ele, o projeto da Pan-Americana feito pelos brasileiros foi usado pelos americanos para unir a malha viária de seu país ao canal do Panamá e como estratégia militar de defesa das Américas. “Já contei a história do projeto e agora vou contar a história da construção, que no pós-guerra provocou um desenvolvimento tremendo nos países”. (Texto: SB) (FIM)