Ave, cheia de graça!
Jonas Abib*
“O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo’. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação” (Lc 1,28-29). Por que Maria ficou assim, pensando no que significaria semelhante saudação?
Para nós, que estamos acostumados a dizer “Ave Maria, cheia de graça”, o termo “graça” não tem tanto peso e passa despercebido. Mas para ela, israelita, que conhecia muito bem as Sagradas Escrituras, o termo “cheia de graça” tinha peso, por isso ela ficou espantada. Ninguém nunca havia sido saudado assim.
Mas o que isso queria dizer? Todo o Amor de Deus, toda a sua bondade e benevolência, toda graça, tudo foi canalizado para ela. Deus está lhe dando um nome. E esse nome fala daquilo que ela é: sua identidade. A ninguém as Escrituras chamam de “cheia de graça”, só a ela!
Foi Ele quem a escolheu: “Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,31-33).
O Filho de Maria é o Salvador. Maria é a mãe do Salvador. É a mãe do Filho de Deus, do Messias esperado. Foi assim que Isabel a saudou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42). Foi em vista da vinda do Filho de Deus a este mundo que Nossa Senhora foi escolhida para ser Sua mãe. O Pai quis que Seu filho se fizesse homem e tivesse uma mãe biológica. Desde o início, ela foi escolhida em vista do filho. Sendo sua mãe, ela também se põe a Seu serviço.
Ela foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus e a mãe de todos nós. No alto da cruz, Jesus nos deu Maria como mãe. Lá Ele a proclamou e a entregou em definitivo como nossa Mãe, pelo preço do Seu sangue. Mas desde toda eternidade, desde quando o Pai concebeu Seu plano, Ele já trazia “no coração” que Maria seria a mãe do Seu Filho e mãe de todos nós.
*Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova, presidente da Fundação João Paulo II, mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação, em Cachoeira Paulista (SP) e reitor do Santuário do Pai das Misericórdias.