Baleia Azul: jogo online que só acaba quando participantes cometem suicídio

O jogo começa com o participante utilizando uma navalha para marcar a sigla “F57” na palma da mão. A partir daí, é preciso cumprir uma série de tarefas que envolvem automutilação, sessões de filmes de terror e isolamento social. A última etapa é o suicídio.
Baleia Azul, como o jogo virtual é chamado, consiste em 50 desafios propostos para adolescentes. As ordens são enviadas através das redes sociais, e o não cumprimento resulta em ameaças de perseguição e morte de familiares dos participantes.
Casos de perfurações, cortes, quedas e suicídios estão sendo identificados em todo o mundo. No Brasil já existem registros de adolescentes feridos, com indícios de que tenham se machucado durante a realização das tarefas. Em Curitiba, por exemplo, são pelo menos sete.
O delegado-operacional da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, Vagner dos Santos Malaquias, afirmou que até a tarde de ontem nenhuma situação que remetesse ao jogo Baleia Azul tinha sido notificada na cidade.
Mesmo assim, fez um alerta para mães e pais de adolescentes: que fiquem atentos e informem à polícia sobre qualquer suspeita de que os filhos tenham sido incentivados a tirar a própria vida. “Instigar o suicídio é crime. Ainda que [o suicídio] não ocorra, é preciso apurar”.
A secretária de Educação, Adélia Paixão, disse que nas escolas municipais de Paranavaí “não tivemos nenhum caso”. Mesmo assim, o assunto é um dos itens pautados para a reunião que será realizada nesta quinta-feira (20) com os diretores.
O objetivo da Secretaria Municipal de Educação ao tratar sobre o jogo Baleia Azul é orientar os dirigentes dos estabelecimentos de ensino para que fiquem atentos a qualquer indicação de que os estudantes estejam participando dos desafios.
O presidente da APP-Sindicato de Paranavaí, José Manoel de Souza, disse que até a tarde de ontem também não havia notícias sobre casos de alunos da rede estadual de ensino envolvidos com o jogo online. Ainda nesta semana, o assunto deverá ser debatido em encontro dos educadores.

Pais devem adotar postura preventiva

CURITIBA – Tentativas de suicídio e casos de automutilação que estariam relacionados ao chamado “jogo da Baleia Azul” têm chamado a atenção das autoridades policiais e de saúde em várias partes do Brasil, incluindo o Paraná. A competição, que teria surgido na Rússia a partir de uma notícia falsa, propõe aos participantes 50 tarefas, sendo a última o suicídio.
Preocupado com a situação, o Ministério Público do Paraná faz um alerta aos pais para que redobrem os cuidados com os filhos, principalmente adolescentes, com intuito de atuar de modo preventivo e também identificar sinais que possam indicar que estejam participando dos desafios propostos pelo jogo.
A promotora de Justiça Luciana Linero, que atua no Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça (Caop) da Criança e do Adolescente e da Educação do MPPR – Área da Criança e do Adolescente, lembra que ser pai ou mãe de adolescentes, por si, já exige mais, pois essa é uma fase em que naturalmente as pessoas tendem a apresentar um comportamento mais rebelde e vontade mais acentuada de transgredir regras.
Além disso, ela comenta que os casos de depressão na adolescência, que podem deixar a pessoa mais suscetível a participar desse tipo de desafio, também têm se tornado mais comuns nos últimos anos.
Nesse sentido, ela alerta para a importância de os pais tentarem se aproximar mais dos filhos: “Hoje, em função das características da vida moderna, que torna o tempo mais escasso, os pais têm menos tempo para ficar com os filhos. Mas é preciso que usem bem esse tempo, procurando resgatar os vínculos. Os pais têm que dar liberdade aos jovens, mas também devem monitorá-los”.
A promotora de Justiça ressalta que o diálogo é fundamental para que os pais possam atuar de modo preventivo, evitando que os filhos se exponham a uma série de riscos. Da mesma forma, é fundamental que sejam identificados, de modo precoce, sinais de que os jovens possam estar com quadros depressivos ou participando de jogos nocivos, como o Baleia Azul.
“Se os pais estiverem atentos, poderão notar mudanças de comportamento, como agressividade, isolamento, tristeza exagerada, ansiedade, cortes e mutilações, gosto súbito por filmes de terror, alterações de sono e distúrbios alimentares. Tudo isso pode ser revelador de um estado atípico e que requer cuidados especiais.”
Confirmadas as suspeitas de depressão, participação em jogos perigosos ou outros quadros preocupantes, Luciana Linero recomenda que os pais procurem apoio de profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras, dependendo do caso. Pontua ainda que os casos associados ao jogo Baleia Azul devem ser comunicados à polícia, já que, em geral, denotam práticas criminosas.
ESCOLAS – O MPPR destaca a importância de os professores também estarem atentos ao comportamento dos estudantes, já que, em boa parte do tempo, os jovens permanecem na escola. A promotora de Justiça Hirminia Dorigan de Matos Diniz, que atua no Caop da Criança e do Adolescente e da Educação – Área da Educação, sugere que as escolas mantenham ações permanentes, focadas no combate a problemas que podem deixar os jovens mais suscetíveis a participar de jogos como esse e a pressões para cumprir as tarefas.
“São programas como os de combate ao bullying e de prevenção à depressão, que possam favorecer a integração de todos e de cada um dos estudantes. Se existe um trabalho preventivo, de proteção da criança e do jovem em casa e também na escola, os riscos de cooptação pelos organizadores de jogos desse gênero diminuem”, comenta.
A promotora comenta ainda que há necessidade de o poder público de modo geral atuar por meio de políticas públicas de combate a situações que possam deixar os jovens suscetíveis a esse tipo de situação. Uma reunião para discutir especificamente o problema do jogo Baleia Azul está marcada para a tarde desta quinta-feira, na sede da Secretaria Estadual da Educação, em Curitiba, e deverá contar com a participação de representantes do MPPR.

Jovens tentaram suicídio ou se automutilaram em Curitiba

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) está investigando se os oito jovens que tentaram se suicidar desde a última terça-feira (18) em Curitiba estavam participando do jogo conhecido como Baleia Azul.
Segundo a delegada Monica Meister, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), psicólogos da unidade especializada vão apoiar o Cope no atendimento às vítimas e famílias.
De acordo com matéria da Gazeta do Povo, o Cope quer tentar comprovar a ligação das tentativas de suicídio com o jogo que surgiu na Rússia e propõe 50 desafios aos adolescentes, sendo o último deles o suicídio.
“Nosso delegado geral [Julio Cezar dos Reis] pediu que investigássemos essa ligação após uma comunicação da secretaria municipal da Saúde sobre esses casos”, contou o Magalhães.
A prefeitura de Curitiba divulgou que ocorreram cinco tentativas de suicídio na cidade durante a madrugada de terça-feira (18) e outras três automutilações desde esse período. Alguns desses jovens tomaram overdose de remédios.
Dois jovens em Minas Gerais tiraram a própria vida nas últimas semanas em suicídios que são investigados pela polícia civil mineira por aparentemente terem ligação com o jogo.
INDICIAMENTO – Magalhães ressaltou que como notícias sobre o jogo surgiram muito recentemente no país, as investigações policiais estão no início. Ele argumentou, entretanto, que a polícia estuda também a possibilidade de indiciamento por homicídio de pessoas que estejam fomentando o jogo na internet ao atuarem como administradoras de grupos fechados em redes sociais, como WhatsApp e Facebook.