BETO VERSUS LULA

*Ayrton Baptista

O governador Beto Richa pode ter encontrado uma posição política capaz de auxiliá-lo num processo de recuperação de sua popularidade, tão decantada no passado recente e os problemas em que se viu envolvido desde os acontecimentos com o professorado. Beto está discutindo pelos jornais com o ex-presidente Lula. O líder petista criticou os fatos do Paraná enquanto elogiava o bom entendimento de seu correligionário e governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Lula criticou por tabela o que ocorre no Paraná e tenta demonstrar a política petista de Minas Gerais.
Beto Richa qualifica a posição de Lula como demagógica e procura mostrar que o nosso professor estadual ganha bem mais que o mineiro. Pois está aí, talvez, se ele quiser um caminho: brigar com gente grande, projetando as divergências para o nível nacional. Dessa forma o governante do Paraná fixa-se como um adversário com potencial na República, não mais alimentando brigas da província nossa de cada dia. Por aqui, se liberdade lhes seja dada, temos líderes capazes de conduzir o processo de reaproximação com o funcionário público, do professor aos demais setores, todos magoados com a posição do tucano que não teve uma atuação invejável no processo de discussão sobretudo com os mestres.
Transportando-se para o nível nacional, Beto Richa pode até precipitar o que gostaria de fazer mais para o final de seu mandato. Da forma como andam os problemas políticos que deve enfrentar, ficará batendo boca no Estado e recebendo ataques de figuras de menor expressão política. Se é para brigar, entende-se, gaste-se munição com uma briga de cachorro grande. Como Lula, Dilma e toda a liderança política do PT, estão no mesmo barco, quase parando, Richa pode encontrar um meio de sair do atoleiro em que se encontra e projetar-se independente dos rumos desgastantes no Estado.
Como já salientamos, o atual governante tem três anos pela frente, se tanto, para juntar os cacos de seu prestígio. Pode precipitar a luta se encaminhá-la para o nível nacional. A vitória de Fachin é o início de uma presença marcante do Estado. A união nunca vista em torno de seu nome pode realmente marcar um paranismo que sempre reclamamos mas nunca soubemos impor.
Quanto aos desentendimentos com os professores é visível o interesse em negociar com a categoria. Os cinco por cento em duas parcelas estão na mesa das negociações. Se é para valer saberemos muito em breve. O fato é que os professores estão temerosos de que o jogo vire. Não há mais condições para a parede prosseguir. Os pais, os alunos e todos nós já não queremos um prosseguimento que em nada facilite o diálogo.
E os mestres terão que optar: ou conversam e param de gritar “fora Beto Richa” ou continuam brigando ou aceitam a proposta governamental. As duas posições são conflitantes. Não dá para atender duas posições ao mesmo tempo.