Bondade que é má

Visto que nascemos separados de Deus quando viemos a este mundo, todos participamos do problema comum do egocentrismo. Às vezes as pessoas olham para um bebê recém-nascido e pensam: Como uma pessoa tão pequenina pode ser um pecador? Ela jamais teve oportunidade para transgredir os mandamentos. Como pode ser um pecador? Se, porém, reconhecerdes que a manifestação do pecado número um é o egocentrismo, será um pouco mais fácil compreendê-lo. Os bebês recém-nascidos são deveras egocêntricos! Na realidade, são as pessoas mais egocêntricas que pode haver! Não importa que a mãe esteja dormindo, comendo ou procurando fazer alguma outra coisa – quando um bebê quer algo, ele o quer imediatamente!
Outro problema enfrentado pelas pessoas é como podem estar pecando por continuarem a viver como lhes apraz, separadas de Deus, contanto que sejam boas pessoas morais. Temos a tendência de definir o pecado sob o aspecto da prática de coisas más, e se possuímos suficiente força de vontade para abster-nos de fazer tais coisas, pensamos que temos justiça.
O apóstolo Paulo admitiu que ele era o principal dos pecadores.  Será que isso significa que sua vida era imoral e que ele era o maior criminoso que poderia haver? Não! Significa que ele chegara tão perto do Senhor Jesus que reconhecia sua verdadeira condição. Reconhecia que a única justiça que possuía provinha de Jesus, e que separado do Salvador não tinha nenhuma justiça.
É difícil de compreender que mesmo as nossas boas ações podem ser pecaminosas se estivermos vivendo separados da relação de fé com Cristo. É difícil de admitir que “todas as nossas justiças [são] como trapos da imundícia”. O texto não declara que nossos andrajos são como trapos da imundícia, ou que todas as nossas iniquidades são como trapos da imundícia. Isso seria mais fácil de aceitar. Mas o fato é que é que “todas as nossas justiças”, todas as nossas “boas” ações, toda a nossa pretensa obediência, que são efetuadas independentemente de Cristo, ainda constituem trapos da imundícia e ainda são pecaminosas.
Deus olha para os motivos e desejos íntimos, e não para a nossa aparência exterior. Podemos cortar a grama do jardim da casa de uma viúva – o que em si é uma boa ação; mas, separada de Cristo, ela é pecaminosa, porque nosso motivo inevitavelmente será egoísta. A verdadeira obediência sempre provém do coração, e isto mediante a comunhão com Cristo.

(Morris Venden)