Brasil não é uma ilha, afirma Dilma sobre crise

LONDRES, REINO UNIDO – A presidente Dilma Rousseff disse ontem em Londres que o Brasil não é uma "ilha" e que sofrerá impacto da crise econômica que atinge países europeus, Estados Unidos e Japão.
"Eu acho que o Brasil não é uma ilha. Todos os países do Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] vêm sendo afetados. A gente vê eles sendo afetados pela crise: redução do crescimento da China impactou no Brasil, impactou na Índia, impactou na África do Sul. Não há um país que possa passar uma crise dessa sem sofrer algumas conseqüências.", afirmou a presidente.
Ela comentou ainda os problemas econômicos enfrentados pelo Reino Unido e comparou a situação com o Brasil. "A diferença do Brasil, no caso do Reino Unido, é que nós temos uma situação fiscal, uma situação financeira, bancária, diferenciada. O Brasil fez seu dever de casa, até porque aprendeu", afirmou Dilma.
A presidente disse ainda que o governo anunciará novas medidas econômicas, incluindo desonerações tributárias. "Nós iremos no mês de agosto e num pedaço de setembro tomar algumas medidas", afirmou. "Mais possibilidade de desoneração tributária, em geral", disse Dilma.
Ela, porém, não quis antecipar o conteúdo das medidas. "Vai que acontece alguma coisa e a medida específica não ocorra", afirmou. "O governo vai fazer uma política de investimentos na área de portos e aeroportos, ferrovias, rodovias. Essa política também vai ser expressa tanto atráves de concessão quanto marcos regulatórios", ressaltou.
Na entrevista, a presidente mandou também mandou um recado às indústrias brasileiras: para o governo manter os incentivos fiscais concedidos, é preciso que não haja demissão.
AVANÇOS E INFLAÇÃO – Dilma frisou que é fundamental para seu governo ressaltar os avanços sociais conquistados pela população brasileira. "Elevamos [nos últimos anos] para a classe média o equivalente a uma Argentina que tem cerca de 41,2 milhões de habitantes", disse.
A presidente reiterou ainda que o governo se esforça para garantir o caminho da estabilidade com a inflação sob controle.
Dilma está há três dias em Londres, acompanhada de ministros, onde teve encontros bilaterais e foi recebida na quarta-feira pelo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Dilma retorna ao Brasil hoje.
Anteontem, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no evento Global Investment Conference, também em Londres, disse que o país está preparado para enfrentar os desafios por meio de adaptações e esforços.
De acordo com Tombini, a economia brasileira está pronta para crescer 4%, em bases anuais, no segundo semestre deste ano.
Com informações da Agência Brasil