Caixa-preta mostra desespero de capitão do voo que caiu nos Alpes

SÃO PAULO (FOLHAPRESS) – Novos detalhes do conteúdo da caixa-preta do voo da Germanwings, derrubado pelo copiloto sobre os Alpes franceses com 150 pessoas a bordo, surgiram neste domingo (29), dando uma ideia melhor do drama vivido a bordo.
Segundo o jornal alemão "Bild", que teve acesso aos diálogos nos minutos finais do voo, o comandante Patrick Sondenheimer entrou em desespero ao perceber que o copiloto Andreas Lubitz trancou-se na cabine e colocou o Airbus A320 em rota descendente. "Abra essa maldita porta", gritou, esmurrando-a.
Após decolar, o comandante havia dito ao copiloto que não tinha tido tempo de ir ao banheiro, e Lubitz se ofereceu  para assumir a aeronave em qualquer momento.
Depois de o avião ter atingido sua altitude de cruzeiro, às 10h27, o capitão deixa a cabine para ir ao banheiro. O copiloto, então, assume o comando da aeronave e aciona o sistema de descida.
Às 10h31, ouve-se um forte golpe, como se alguém tentasse abrir com um chute a porta da cabine, e a voz do capitão, gritando: "Pelo amor de Deus, abra a porta!". Ao fundo é possível ouvir os gritos de passageiros.
Às 10h35, quando o avião estava a 7.000 metros de altura, a gravação registra "ruídos metálicos fortes contra a porta", como se ela estivesse sendo golpeada – supõe-se que com um machado.
Noventa segundos depois, a 5.000 metros de altitude, um alarme é ativado, e é possível ouvir o piloto gritar: "Abra essa maldita porta!".
Às 10h38, com o avião a 4.000 metros, a gravação registra a respiração do copiloto, que não diz nada.
Às 10h40, o aparelho toca uma montanha com a asa direita e novamente são ouvidos gritos dos passageiros. São os últimos sons registrados pela caixa-preta, já que segundos depois o avião cai.
ANSIEDADE – O jornal francês "Le Parisien" informou também neste domingo que Lubitz sofria de transtorno de ansiedade.
De acordo com a publicação, médicos aplicaram injeções de olanzapina, que possui efeito antipsicótico.
Lubitz também aparentava ter dificuldades com o sono, problema para o qual lhe foi recomendado usar o antidepressivo agomelatina.
Nos Alpes, a busca pelos restos mortais continuam. Peritos franceses já isolaram o DNA de 78 dos 150 passageiros, de acordo com o promotor que comanda a investigação, Brice Robin.
A identificação dos mortos será feita posteriormente, com a comparação das amostras recolhidas com as fornecidas pelos parentes.

Minutos finais da tragédia
do Airbus que caiu nos Alpes    

10h01 – O voo parte de Barcelona
10h28 – O avião atinge a altitude de cruzeiro, a 11.600 metros. O capitão deixa a cabine para ir ao banheiro
10h31 – O avião começa a descer
10h35 – A gravação registra "ruídos metálicos fortes contra a porta da cabine" como se ela estivesse sendo golpeada. São ouvidos gritos de passageiros
10h36 – Com o avião a 5.000 metros de altitude, a gravação registra gritos do capitão, do lado de fora da cabine, para abrir a "maldita porta"
10h38 – Com cerca de 4.000 metros de altura, é possível ouvir a respiração do copiloto, que não diz nada.
10h40 – O aparelho toca a montanha com a asa direita e de novo são ouvidos gritos dos passageiros. São os últimos sons registrados pela caixa-preta.