Canteiro de obras organizado gera economia e reduz riscos de acidentes
Porém, infelizmente, o improviso ainda ocorre em construções civis em Cianorte. Não raro é possível encontrar entulhos, ferramentas, tijolos, areia e tábuas espalhados pelo passeio público obstruindo a passagem e oferecendo riscos aos pedestres.
Há casos de desrespeito até da lei que obriga a instalação de tapumes ou barreiras ao redor dos canteiros de obras, de forma a impedir o acesso de pessoas estranhas.
“O correto é fazer um projeto do canteiro de obras antes do início dos trabalhos atendendo as especificações da NR-18 [Norma Reguladora], além do espaço da obra, é preciso espaço físico adequado para armazenamento de materiais e equipamentos e área de vivência aos operários com instalações sanitárias, local de refeições, vestiário e até mesmo alojamento, em alguns casos. Porém, infelizmente, essa não é a realidade”, comenta o engenheiro civil e de Segurança do Trabalho Luiz Felipe Gelfei, inspetor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR).
O presidente da Associação Regional de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Cianorte (AREARC), Fabiano Calderoni, também reforça a importância do planejamento.
“A organização do canteiro de obra é fundamental para evitar desperdícios de tempo, perdas de materiais e mesmo defeitos de execução e falta de qualidade final dos serviços realizados. O canteiro organizado também propicia otimização dos trabalhos, redução das distâncias entre estocagem e emprego do material e redução dos fatores de risco de acidentes”, diz.
Para isso é importante que os locais de estocagem dos materiais sejam cobertos, quando necessário, e que estejam em locais de fácil acesso. Os lugares onde as pessoas irão transitar durante a obra nunca devem ter objetos espalhados obstruindo a passagem, sempre que necessário deve-se remover entulhos e sobras de materiais.
Segundo os dois profissionais, o planejamento e a organização do canteiro de obras cabem ao engenheiro responsável pela obra, porém a responsabilidade também é do proprietário. “Esta organização envolve custos com os quais a maioria dos contratantes não quer arcar como, por exemplo, o aluguel de caçambas para o depósito de entulhos”, explica Gelfei.
“Há também aqueles que não querem desperdiçar mão-de-obra. Quando a obra está em estágio avançado, dificilmente haverá espaço para um caminhão manobrar no canteiro de obra. Então os materiais são descarregados nas calçadas e para levá-los para dentro é preciso paralisar os trabalhos para que os operários possam carregá-los. São situações que interferem no cronograma”, exemplifica Calderoni.
Essa ‘economia’ de tempo, no entanto, pode gerar prejuízos. “Deixar os materiais expostos as ações climáticas pode resultar em muitas perdas. Uma chuva forte e repentina pode levar parte da areia, estragar sacos de cimento, danificar lajotas”, exemplifica o presidente da AREARC.
O inspetor do CREA-PR aponta a segurança como outra preocupação. Um canteiro de obras desorganizado e sem restrições de acesso oferece riscos aos operários e pessoas não autorizadas. “Crianças adoram brincar de esconde esconde em construções e não tem conhecimento ou noção do perigo que o lugar representa. Se acontecer algum acidente, o proprietário será responsabilizado, por isso a importância de fechar a obra com tapumes”, orienta Gelfei.
Para evitar acidentes e desperdícios, segundo Calderoni, as entidades têm realizado ações de conscientização e orientação aos profissionais e contratantes sobre o cumprimento de lei e normas de segurança. Já a fiscalização cabe a administração municipal.
De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento, Nelson Magron Júnior, a Prefeitura de Cianorte realiza um trabalho de fiscalização, mas autuações e multas são raras. “Os agentes fazem o trabalho de orientação. Quando são identificadas irregularidades pedimos aos responsáveis que se adaptem às normas e normalmente eles corrigem o que está errado sem a necessidade de sanções”, esclarece o secretário.
Curso sobre o tema tem inscrições até 12 de outubro
Estão abertas as inscrições para o curso de Gestão de Resíduos da Construção Civil. O conteúdo do curso contribui significativamente para a devida organização do canteiro de obras. O curso é organizado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Noroeste do Paraná (AENOPAR) com apoio do CREA-PR. Os interessados em se inscrever têm prazo até 12 de agosto ou até esgotarem-se as 350 vagas disponíveis para todos os profissionais com registro regular no CREA-PR.
O objetivo é orientar a elaboração de Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC). Os participantes poderão conhecer melhor a gestão interna no canteiro de obras, desenvolvendo os 3R’s, atendendo a caracterização, triagem, acondicionamento, transporte, destinação final dos resíduos atendendo aos princípios ambientais, econômicos e legais.
O curso é realizado na modalidade Ensino a Distância (EAD), com aulas e avaliações via internet através de sistema de Ensino a Distância do CREA-PR. O início das aulas está previsto para dia 17 de outubro.
As inscrições também ser feitas no site procrea.crea-pr.org.br, no link “Agenda/Cursos a Distância (EAD)”. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 44 3623-2628 ou pelo e-mail aeanopar@creapr.org.br.