Cenário da mandiocultura continua inalterado na região

A situação da mandiocultura continua inalterada nesta semana. É um período de crise, com os preços abaixo do custo de produção. Mas, a colheita foi retomada, embora em ritmo menos acelerado do que normalmente ocorre nesta época.
Caso do produtor Dionísio Heydemann, que voltou a colher na última segunda-feira. Ele disse que está negociando a R$ 145,00 a tonelada, preço muito abaixo do custo de produção, que ultrapassa R$ 200,00.
Também abaixo do preço mínimo da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB – para a região Centro Sul, que é de R$ 170,00 a tonelada. A cotação oficial no Estado é de R$ 175,00, como informa o Deral – Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. O valor é a composição do preço médio em todo o Paraná, a partir dos valores praticados nas regiões produtores.
EMPREGO – Embora sem números oficiais, os indícios apontam para desemprego no setor, como informou na semana passada o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Nesta semana, o CRAS – Centro de Referência da Assistência Social – do Jardim São Jorge em Paranavaí – confirmou aumento na procura de auxílio por parte de famílias de trabalhadores rurais.
Tanto que o CRAS deve solicitar aumento no total de cestas básicas repassadas como apoio emergencial. A maioria dos que pedem auxílio informa que trabalha na mandiocultura. O CRAS do São Jorge atende a clientela dos Distritos de Graciosa e Mandiocaba, além da Coloninha, áreas com muitos trabalhadores da colheita da mandioca.
REUNIÃO ABAM – Em meio à crise apontada pelos agricultores, a ABAM – Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca iria se reunir em Paranavaí. Na pauta, diversos temas ligados ao setor.
O preço da mandioca será um deles, confirma o agroindustrial Ivo Pierin Júnior. Ele vê uma situação longe de ser resolvida. A única solução, aponta, seria a conquista de novos mercados, algo que não é visível a curto prazo. A exportação é apontada como uma das saídas para reverter o atual cenário.
ANÁLISE – Para o Deral não há superprodução de mandioca no Paraná. O que houve foi um realinhamento do mercado, a partir da retomada da produção de mandioca nos estados do Nordeste Brasileiro. Em 2013 o Nordeste viveu uma das maiores secas dos últimos 50 anos. Por consequência, teve baixa produção e comprou farinha de outras regiões produtores, incluindo o Paraná.
O Estado deve colher neste ano (safra 2014/2015) 04 milhões de toneladas de raiz de mandioca, o que representa 5% a mais do que no período anterior (2013/2014). A Região Macronoroeste responde por 52% da produção paranaense.
Para se ter noção do quanto variou o preço, basta lembrar que em dezembro de 2013 a tonelada foi comercializada a R$ 550,00 (preço médio no Estado). Em dezembro de 2014 a mesma tonelada foi vendida a R$ 219 – variação negativa de 60,18%.