Cerca de 850 casas são danificadas por chuva de granizo em Terra Rica

A Defesa Civil de Terra Rica estima que pelo menos 850 casas foram danificadas por uma chuva de granizo que caiu na noite de anteontem no município. Os números refletem apenas a realidade da área urbana. Na área rural ainda não foi possível fazer um levantamento. A chuva durou cerca de 10 minutos.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Wellington Pollo, 10 famílias ficaram desabrigadas e foram transferidas para residências de amigos e parentes. Quatro pessoas se feriram em consequência da forte chuva, sendo três ao tentar fazer consertos em telhados e uma atingida por granizo. Uma das pessoas se feriu gravemente ao cair do telhado e foi transferida para a Santa Casa de Paranavaí.
Na manhã de ontem o Hospital Municipal, escolas, creches e unidades de saúde funcionavam de forma precária. A usina de cana deu folga para seus funcionários para que eles pudessem fazer os reparos necessários em suas residências.
“Estamos fazendo um levantamento para ver o valor do prejuízo. Ainda não dá para falar um valor certo. Porém, somente para o município o prejuízo será superior a R$ 1 milhão. Instalações públicas foram danificadas e equipamentos queimados. Vamos pedir que seja decretado estado de calamidade pública”, disse Pollo.
VOLUNTARIADO – Durante todo o dia de ontem cerca de 40 pessoas trabalhavam voluntariamente junto com os integrantes dos Bombeiros Comunitários. Segundo o coordenador da Defesa Civil foram distribuídos 50 rolos de lona. Mesmo assim, uma grande quantidade de pessoa esperava por mais material.
Na noite da chuva de granizo todas as lonas estocadas na unidade do Corpo de Bombeiros de Paranavaí foram encaminhadas para Terra Rica. Na manhã de ontem, uma equipe se deslocou até Maringá onde outros 10 rolos foram buscados e encaminhados para as pessoas afetadas.
A Defesa Civil informou que a prefeitura de Terra Rica se esforçava para comprar mais lonas. O problema é que não se encontrava mais material na cidade e nem em municípios da região.
ESTRAGO – O levantamento preliminar indica que Distrito de Adhemar de Barros não foi atingido pela chuva. O restante da cidade houve registro de estragos. Porém, o local mais afetado foi o conjunto habitacional conhecido por Mutirão.
O coordenador da Defesa Civil informou que equipes da Copel trabalharam durante toda a noite para restabelecer o abastecimento de energia elétrica. Na manhã de ontem ainda havia locais em que a energia não tinha voltado às residências. Equipes de empresas de telefonia também trabalharam para restabelecer o sinal.
O centro cirúrgico do Hospital Municipal foi fechado. Uma cama usada para cirurgias ficou encharcada e teve um curto circuito. Pequenas cirurgias tiveram que ser desmarcadas e outras foram transferidas para Paranavaí. Os acamados foram transferidos para locais seguros.
TELHAS – Assim que o dia amanheceu os depósitos de construções começaram a atender a população que foram comprar telhas para trocar as danificadas. A procura maior foi pelas telhas de fibrocimento (tipo Eternit). As de barros também tiveram uma grande procura. Porém, o estoque foi o suficiente para atender a demanda.
De acordo com o responsável pelo setor de compras do Depósito Construpar, André Luiz Coelho, somente em sua empresa as telhas de fibrocimento acabaram duas vezes durante o dia. Uma vez no início da manhã e outra no começo da tarde quando chegou um carregamento. “Não usamos a situação ruim para ganhar dinheiro. Mantivemos os mesmos preços porque acreditamos que o momento é de união”, concluiu o funcionário do Construpar.
DOAÇÕES – A Defesa Civil de Terra Rica começou uma campanha para arrecadar doações para as vítimas. O objetivo é conseguir cobertores, colchões, alimentos e roupa de inverno. “Depois do estrago provocado pelo granizo choveu muito e famílias perderam o que tinham dentro de casa”, afirmou o coordenador.
O comandante dos Bombeiros de Paranavaí, tenente César Perdoncini, informou que na cidade as doações podem ser feitas no quartel. Elas também podem ser realizadas nas cidades da região onde há sede de Bombeiros Comunitários.
INCAPACIDADE – O estudante de Direito, Marcos Augusto Damiani Junior, disse que durante o temporal teve a sensação de incapacidade. Porém, a sensação ficou pior quando saiu na rua e viu os estragos provocados pelo granizo.
“Foi tudo muito rápido. Não demorou 15 minutos. Porém, isso demorou uma eternidade. Não sabia o que fazer e nem para onde ir. Depois disso houve falta de energia elétrica e quando sai para rua foi muito triste e deu vontade de chorar”.