Cidade Luz

Rogério J. Lorenzetti*

A cidade de Paris é um museu a céu aberto. Embora alguns acreditem que esta denominação tenha sido dada pelo fato de seus monumentos serem muito bem iluminados à noite, o motivo real é a importante contribuição que os artistas que ela abrigou deram à cultura mundial.
A história reservou a esta cidade, às pessoas que aqui viveram e aos acontecimentos da qual ela foi palco um lugar de destaque. Entre eles a Revolução Francesa, que culminou na queda da monarquia, um sangrento episódio que matou centenas de milhares de pessoas na guerra civil e outras dezenas de milhares executadas após julgamentos sumários, na guilhotina.
Esta passagem da vida política dos franceses, embora triste, foi importante contribuição dada aos sistemas de governo atuais nas democracias modernas. O lema da revolução, "liberdade, igualdade e fraternidade", ainda hoje se mantém atual, com alguns objetivos a serem mantidos ou alcançados.
A cidade é bela. Seus monumentos e prédios históricos estão conservados, permitindo aos visitantes terem acesso à cultura e às tradições que impactaram toda a humanidade. Bonito ver as crianças conhecerem os grandes nomes da arte nos museus, observando obras de valor incalculável e tendo conhecimento da história do país nos prédios onde os eventos ocorreram.
Ao mesmo tempo, é uma metrópole moderna, com todas as vantagens e desvantagens desta condição. Ao andar nas ruas vemos pessoas de diferentes culturas, religiões e origens. Com sua moeda valorizada, o Euro, presenciamos desde a riqueza até a miséria extrema no seu cotidiano. Nas lojas, os turistas fazem compras e nos cafés pessoas conversam animadamente.
Por ter entre seus moradores diversidade cultural e de origens, podemos observar comportamentos vários, de urbanidade desejável até hábitos presentes no terceiro mundo, em relação ao uso de espaços públicos.
Embora limpa em comparação às cidades do mesmo porte, algumas pessoas ainda jogam materiais recicláveis e lixo nas calçadas, especialmente as bitucas de cigarros. Aqui se fuma muito e alguns habitantes não têm o devido cuidado com fezes de animais domésticos ao passear com os mesmos. Apesar disso, o resultado final é positivo.
Como símbolo do modo de vida do primeiro mundo, Paris é alvo em potencial para terroristas e, ao mesmo tempo, o destino desejado para muitos imigrantes e refugiados oriundos das colônias de além-mar, cujos habitantes buscam uma vida melhor e segurança para si e sua família. Este fato aumenta as demandas sociais da cidade e do país.
O que vi e presenciei aqui reforça minha concepção segundo a qual a diminuição das desigualdades humanas é fundamental para termos um mundo mais justo e seguro, que faculte às pessoas a oportunidade de viverem em paz.

*Rogério J. Lorenzetti, agropecuarista e ex-prefeito de Paranavaí