Circo de horrores
"Infeliz a nação que precisa de heróis." – "Life of Galileo" [Vida de Galileu] (1938), Bertold Brecht
*Rogério J. Lorenzetti
Tempos difíceis estes que vivemos. A violência esta presente no cotidiano das pessoas e se torna aceitável e até desejável para alguns, esquecendo que poderão ser vítimas da mesma na próxima esquina.
Alguns presídios nacionais tornaram-se palco de cenas dantescas com a morte e mutilação dos detentos por parte de integrantes de facções criminosas que, segundo notícias da imprensa nacional, passaram a dominar os ambientes prisionais do país, impondo suas regras e aliciando membros para continuarem na delinquência dentro e fora das cadeias.
A nível local, atos de vandalismo contra prédios e equipamentos públicos, que deveriam ser cuidados como patrimônio de todos, passaram a ser constantes, atingindo indistintamente escolas, equipamentos de lazer e outros, necessários para aqueles que precisam dos serviços prestados pelo município, evidenciando o descaso pelas pessoas que os utilizam.
Na política, um ambiente nervoso domina o cenário das instituições, com operações policiais tendo destaque na mídia e expondo um subterrâneo criminoso envolvendo autoridades constituídas e empresas privadas no sentido de se apropriarem de recursos públicos em benefício de partidos, pessoas e empresas, fazendo com que os dirigentes do país recebam péssimas avaliações nas pesquisas divulgadas.
A descrença é geral e traz consigo o desalento e falta de expectativas por parte de muitos de nós. Pessoas com discurso de repressão a violência e a corrupção, estão entre os líderes nas pesquisas de opinião feitas com eleitores, desconsiderando outros atributos não menos importantes em dirigentes a serem eleitos.
Assim é que, radicais e justiceiros passam a ser considerados como opções viáveis para o enfrentamento da violência, problema causado predominantemente, na minha opinião, pela falta de valores éticos e morais assim como expectativas de crescimento, desemprego, recessão econômica e outros horrores que permeiam nosso cotidiano.
A morte, em um trágico acidente aéreo, de uma personalidade proeminente do mundo jurídico, a qual tinha sob sua responsabilidade a chamada operação "Lava Jato", já é tratada com suspeitas, ainda não confirmadas, de ato premeditado visando eliminar pessoa comprometida em elucidar e julgar, através das chamadas "delações premiadas" a intrincada rede criminosa que tanto prejuízo deu e está dando ao país.
Espero que o radicalismo dê lugar ao bom diálogo que deve permear as relações humanas, e que as instituições brasileiras cumpram com seu dever, dando a devida resposta ao momento delicado que passa o Brasil, evitando aventuras radicais que conduzam o país a mais violência, prejudicando e tornando ainda mais difícil a vida dos brasileiros.
*Rogério J. Lorenzetti
Prefeito de Paranavaí, gestão 2009/2016