Com região em epidemia de dengue, cresce a preocupação em Paranavaí

A epidemia de dengue que se alastra na região Noroeste do PR gera preocupações extras também em Paranavaí. Embora em situação considerada de relativo controle, a maior cidade do Extremo-Noroeste vive a preocupação de ver rapidamente a perda do controle sobre a doença por conta do número de municípios com epidemia.
Em termos absolutos, Paranavaí registrou apenas 6 casos positivos internos e outros 4 de pessoas que adoeceram fora da cidade (chamados importados – autóctones) em 2015.  
São 84 notificações com 57 descartados em exames e 17 aguardando resultado do teste em laboratório. Nem de longe lembra o caos de 2013 quando oficialmente foram registrados mais de 11 mil casos.
Também não significa calmaria, uma vez que o cenário pode mudar rapidamente, como admite o diretor da Vigilância em Saúde, Randal Khalil Fadel.  Tanto que manteve uma equipe de plantão no PA – Pronto Atendimento – durante o feriado de Carnaval.
Sempre que havia casos suspeitos, a equipe fazia o chamado bloqueio, que consiste em pulverizar veneno para matar o mosquito nas ruas perto da casa do paciente. O objetivo é barrar a transmissão, explica. A estratégia, avalia, tem dado certo.
Mas, não é garantia. O único jeito de manter sobre controle é a população ajudar fazendo a sua parte, o que nem sempre acontece. Fadel Filho diz que o índice de infestação pode chegar a 4%, fruto da água parada em vários locais.
Um dos problemas é que a população continua jogando lixo na rua. Em alguns lugares é possível ver sacos de lixo em canteiros, como na Rua Parigot de Souza, área nobre da cidade. Fadel Filho mostra indignação com a falta de educação dos moradores, que simplesmente se livram nas vias, ignorando que há coleta regular.  
Até em bebedouro de animais domésticos os agentes encontram larvas. Para evitar, basta higienizar o bebedouro uma vez por semana. Outros pontos comuns são o reservatório da geladeira e de climatizadores, muitas vezes igualmente negligenciados.  
O grande número de casos em cidades próximas também torna mais frágil a aparente calmaria. No último final de semana, por exemplo, Paranavaí tinha cinco pacientes hospitalizados de uma única cidade. Quatro estavam internados em hospital privado e um na Santa Casa. A circulação de pessoas que têm em Paranavaí a cidade polo, aumenta o risco de transmissão, preocupa-se.
SITUAÇÃO REGIONAL COMPLICADA – O número de casos de dengue em 2015 nos 29 municípios da região (Amunpar) saltou de 702 notificações para 1.209 entre os dias 02 e 10 de fevereiro – crescimento de 72,22%, como informou na semana passada a 14ª Regional de Saúde.
Embora o aumento exagerado seja por causa da dificuldade das cidades em alimentar o sistema com informações em tempo real, o número mostra que há incidência constante, ainda que com tendência de queda nos últimos dias em parte das cidades. Na média, um momento delicado, revela o coordenador da Vigilância em Saúde, Valter Sordi Júnior.
ANÁLISE – Do total de 1.209 notificados, 152 foram positivos, sendo 135 autóctones. Outros 15 são os chamados importados, em pessoas que viajaram. Ainda no levantamento há 92 exames negativos. O número de pendentes é de 965.
Do ponto de vista do controle das ações, o alto número de pendentes não significa problema na prática. Isso porque no cenário de epidemia, os pacientes são diagnosticados clinicamente, isto é, pelo médico, com base nos sintomas. A média recomendada de exames é de testagem em 10% a 20% dos suspeitos. Os testes clínicos são obrigatórios para gestantes, crianças, idosos ou pacientes que necessitem de internação hospitalar, além de outros chamados grupos de risco (geralmente pacientes com doenças associadas).