Com superlotação e assassinatos recentes, cadeia tem clima tenso
A superlotação na Cadeia Pública de Paranavaí não é novidade há vários anos, mas tem atingido níveis dramáticos neste ano de 2018, chegando a 325 detentos em 28 de julho. Ontem, 300 pessoas dividiam o espaço, projetado para 96 (número de camas).
Com tanta gente e os dois assassinatos recentes em uma das celas, há um ambiente de tensão permanente, como admitiu ao Diário do Noroeste um servidor público. Isso leva a observações constantes para evitar novos problemas internos.
Ontem, circulou a especulação de que haveria pelo menos mais um detento jurado de morte. Não há como ter certeza sobre a veracidade, adverte o servidor, reforçando que a atenção tem sido permanente.
O clima ficou ainda mais tenso na cadeia desde a noite de 24 de agosto, quando os detentos João Carlos Viana dos Santos (26 anos) e William Ribeiro dos Santos (20 anos), foram encontrados mortos. Eles estavam com lençóis no pescoço e pendurados na grade.
Já está concluído que houve uma montagem no cenário por parte de colegas de cela para parecer suicídio. Outros dez presos dividem esse espaço e um inquérito foi aberto para apurar a autoria e a motivação dos assassinatos.
Durante a tomada de depoimentos, dois detentos assumiram os crimes, porém, o caso não parou por aí. Isso porque o delegado que chefia as investigações, Vagner dos Santos Malaquias, levantou a possibilidade de os depoentes estarem confessando os crimes pressionados por outros detentos.
Nesta linha de raciocínio, eles se declaram autores dos assassinatos por temerem represálias, inicialmente por colegas de presídio, mas com eventual origem externa.
Uma das questões neste caso de violência é saber se houve ordem de execução partindo de fora do presídio. Em caso positivo, um dos pontos é identificar de onde partiu e como chegou até os presos.
O delegado Vagner dos Santos Malaquias disse recentemente ao DN que ainda é prematuro relacionar os assassinatos a um conflito entre facções criminosas ou de retaliação por negativa em fazer parte de tais organizações.
A crise de superlotação da cadeia nos últimos anos levantou a necessidade ou não de construir um presídio na cidade. Mas, o tema é controverso e encontrou resistência em uma parcela da sociedade.
Os contrários alegam que um presídio pode atrair a criminalidade, sem contar nos problemas sociais, uma vez que muitas famílias se mudam para ficar perto dos parentes enquanto cumprem as penas.
Do outro lado, os favoráveis lembram que a população carcerária já existe e que uma nova estrutura apenas tornaria mais seguro o cumprimento da pena. Sem contar que a atual cadeia está no perímetro urbano, em bairro de grande concentração populacional.