Como Lula gosta
Não bastam os dias tumultuados que vivemos na política e na economia. Há evidencias de que tudo vai piorar. Em todos os poderes da República temos denúncias de irregularidades e promessas de averiguações.
É um tal de troca de acusações da qual só se poupa o Supremo Tribunal Federal. E se há expectativas de que se ponha um fim nisso tudo ou que se dê folga ao menos no final de ano, essas não devem se concretizar.
A falta de entendimentos entre Executivo e Legislativo federais, dos políticos com doses de responsabilidade no comando dos partidos e, de modo geral, da presidente da República ao mais humilde dos chefes, leva-nos a crer que tudo vai ultrapassar o Natal e o Ano Novo.
E ao menos uma figura de prestígio se manifesta disposto à luta, o ex-presidente Lula sai na frente para dizer que teremos “três anos de muita pancadaria”. Vamos, então, convir, que se há alguém falando sério este é justamente Lula, pois as circunstâncias o chamam para a luta, como ele quer.
Ora, Lula não foi candidato à presidência em 2014 porque Dilma não lhe devolveu a oportunidade. Aos 70 anos, pode esperar por mais três e disputar novamente a chefia do país. Desgastado, hoje sim. Mas quem dirá como ficará em 2018? Logo ele, que se agiganta na adversidade. Sem dupla interpretação: a coisa está como Lula gosta.
Temos um comando no país, não é novo, mas é renovado. Lula chega ao ponto de dizer claramente que Dilma Rousseff cometeu um estelionato, pois durante a campanha do ano passado exaltou os feitos dos últimos governos, de Lula e dela, para logo em seguida ficar sujeita a um impeachment, diante da mudança de rumo pregada pelo seu governo e os desmentidos sobre a situação econômica do país.
Mas o ex-presidente, nosso personagem da semana, vem para lutar pelos seus objetivos. Em outras palavras, nova campanha política vem por aí.
Lula volta ao começo do século, à campanha que o elegeu presidente, certo de que só ele pode mudar os caminhos que se mostram mais viáveis. Até porque se quer um candidato do PT á presidente da República, não há como fugir de Lula.
A campanha de 2018 já teve início. Em Brasília, no Palácio presidencial, na presença de Dilma e outras lideranças administrativas. Lula é candidato e novidade nisto não se vê. Param as palestras no exterior, trocando-as pelas visitas aos Estados, às caravanas petistas para pregar novamente a candidatura do ex-presidente. Pois então que Aécio, Serra, Alckmin, Marina e Alvaro Dias (por que não?) que se cuidem. Lula pode estar vindo por aí. E ficar.
*Ayrton Baptista, jornalista