Como ser um campeão de produtividade
Em média, são de três a quatro caixas (40,8 kg cada) de laranja por pé. Mesmo na última safra, quando parte dos citricultores teve perdas por abortamento de frutos, devido à estiagem e às altas temperaturas ocorridas no final de 2014 e início de 2015, a sanidade e o investimento em nutrição das plantas garantiram bons resultados.
O produtor fechou a safra 2015/16 com a produção de 46 mil caixas em 17 mil pés de laranja que ocupam 36 hectares. A safra só diminuiu um pouco este ano porque 4 mil pés foram podados e há 5,5 mil pés com três anos, ou seja, praticamente sem frutos.
A idade do pomar de Schilive varia de sete a doze anos, mas ele possui 3 mil plantas com 25 anos, as primeiras a serem plantadas em Presidente Castelo Branco, ainda altamente produtivas, com três caixas por pé.
“Devo tirar mais duas ou três safras e. em seguida, renovar o pomar”, diz o produtor. Mesmo quando o preço não é dos melhores, Schilive ganha em produtividade. Na safra 2015/16, a caixa de laranja foi vendida a R$ 11, mas no final das contas, segundo ele, deu mais do que a soja e o milho ou do que qualquer outra cultura. “Já plantei de tudo, mas nada deu resultado como a laranja”, diz.
NÃO HÁ SEGREDO – De acordo com Isaías Schilive, não há segredo: basta fazer tudo que é recomendado pela assistência técnica da Cocamar. Todo dia ele está no pomar supervisionando as atividades e vistoriando tudo. Há um pragueiro que avalia todas as plantas uma vez por mês, a inspeção do greening é feita quatro vezes ao ano e sempre que é identificado um sintoma, a remoção da planta ocorre de imediato. “Fico sempre de olho, não dou chance ao azar”.
Enquanto a média dos produtores da região registra níveis de infestação de greening de 8%, com alguns chegando a 12% ou até 15%, no seu pomar o percentual não passa de 2%. “Quero permanecer na citricultura e por isso cuido mesmo, com todo o rigor”, afirma.
Schilive tem sua própria equipe de colheita, sendo todos os trabalhadores registrados e servidos de transporte. Ele é um dos integrantes do sistema Fairtrade, o mercado solidário internacional, Por causa disso, sua propriedade é mantida sob fiscalização, garantindo-se assim que a laranja ali produzida não resulta de exploração de mão de obra e agressão ao meio ambiente.
Em vez de utilizar produtos químicos para o controle do mato nas entrelinhas, o citricultor faz uso da roçadeira ecológica no verão e trabalha com nabo forrageiro no inverno.
Um jovem que acreditou na laranja
Em 2004, quando tinha 22 anos e nenhuma experiência em gestão de uma propriedade rural, Raphael Urbano Santos assumiu um sítio que havia sido adquirido anos antes pelo pai, o conhecido Pedro Radade, no município de Nova Esperança. Proprietário da Radade, empresa do ramo de confecção que atua no segmento country, Pedro havia adquirido as terras para investimento. A seu favor, Raphael tinha apenas a formação em Administração, a paixão pelo campo, a garra e a vontade de empreender.
Os 33 alqueires da propriedade eram mantidos com pasto, café e mandioca. Mas, ao assumir, Raphael recebeu autonomia para decidir e não deixou por menos: resolveu ser citricultor, introduzindo a cultura da laranja em 10 alqueires. A princípio, conta, enfrentou uma certa resistência do pai, preocupado com o investimento alto e o retorno demorado, só a partir do quarto ano.
Entretanto, quando o pomar começou a produzir, ninguém mais teve dúvidas do sucesso do empreendimento. Tanto que, anos depois, foram plantados mais 11 alqueires, somando 21. Animado, Raphael afirma ter projeto de plantar mais 10 mil pés em oito alqueires, mas o problema, segundo ele, é o avanço do greening, doença que o tem preocupado. Atualmente, o produtor divide o seu tempo entre a confecção da família e o sítio, fazendo deste um negócio altamente rentável.
O pomar é formado por 21 mil pés de laranja das variedades pera, valência, folha murcha e iapar, que na última safra produziram duas caixas de 40,8 quilos por pé.
Para a safra deste ano, a expectativa é colher de três a quatro caixas por pé, uma vez que a safra está sendo beneficiada pelas chuvas.
“Administro a propriedade como uma empresa. Mas como a agricultura depende de vários fatores, o planejamento tem que ser maior e os cuidados redobrados”, afirma Raphael, que segue todas as recomendações da equipe técnica da Cocamar.