Compra por parte do Governo é a salvação do produtor, diz presidente da Aproman

Os agricultores estão apostando as fichas na compra de farinha por parte o Governo Federal. A afirmação é do presidente da Aproman – Associação dos Produtores de Mandioca do Paraná, Francisco Abrunhoza, que vê nesta ação o único caminho para desafogar o setor, reduzindo a oferta de matéria-prima e equilibrando os preços.  
Ele confirmou ontem que a senadora Gleisi Hoffmann (PT) estava trabalhando para fechar o compromisso do Governo, já assumido na semana passada. Inicialmente deverão ser adquiridas 40 toneladas de farinha de mandioca ao preço de R$ 0,913 o quilo (R$ 46,06 a saca com 60 quilos) mais embalagem. Esse preço foi reajustado em 11% em relação ao valor inicialmente divulgado.
A expectativa do setor é de que as farinheiras voltem a trabalhar em ritmo acelerado a partir da confirmação das compras governamentais. O produto seria utilizado para regular o mercado (atualmente não há estoque do Governo) e também para programas sociais.
Abrunhoza espera que a ação contribua para melhorar o preço pago atualmente pelas indústrias de fécula, na casa de R$ 165,00 a tonelada da raiz. Esse valor não cobre os custos de produção, ressalta. Mesmo com o preço baixo nem todas as indústrias estão transformando matéria-prima por conta dos estoques atuais.
ORGANIZAÇÃO – A Aproman foi reativada em fevereiro deste ano. Rapidamente cresce em número de associados, impulsionada pela crise do setor. Hoje são mais de dois mil associados, confirma o presidente. Ele aproveita para lembrar que foi a maior mobilização do setor, envolvendo produtores do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Mobilização que ganhou as ruas, impulsionada por uma greve, quando produtores pararam de colher e bloquearam as vias e acesso às indústrias. Houve momentos de tensão na relação indústria – produtor. Mas, as diferenças estão superadas, como tem dito Abrunhoza.
Hoje o setor trabalha temas de interesse comum como a adição de 3% de fécula na farinha de trigo. Isso representaria um grande mercado para a mandiocultura e também aliviaria a pauta de importações brasileiras. O país importa a maior parte do trigo consumido atualmente.  
INSTABILIDADE – O setor da cultura da mandioca vive instabilidade de tempos em tempos. Os preços variam, a exemplo da produção e da produtividade.
Em dezembro de 2013, por exemplo, a cotação oficial indicava R$ 550,00 a tonelada (Há depoimentos de produtores relatando preços superiores a R$ 600,00 a tonelada naquele ano). Porém, um ano depois, em dezembro último, a mesma tonelada foi vendida a R$ 219,00 – redução de 60,18%. A queda continuou em 2015, com preço médio atual de R$ 165,00.
O cenário de alta e perspectiva de lucro elevado em determinado momento, atrai os chamados aventureiros (produtores sem experiência ou sazonais) que depois poderão ter dificuldades para comercializar ou inchar o mercado com excesso de matéria-prima, atingindo toda a cadeia produtiva.