Comunidade participa da elaboração do Plano de Manejo da APA do Rio Paraná

Com objetivo de conhecer a Área de Proteção Ambiental (APA) das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná sob o ponto de vista da sociedade, o Conselho Gestor (CAPIVA) da unidade de conservação realizou seis oficinas de diagnóstico para o plano de manejo da APA das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná. O trabalho aconteceu de 26 de junho a 1º de julho.
A equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais e o Consórcio Intermunicipal para Conservação do Remanescente do Rio Paraná e Áreas de Influência (CORIPA) esteve reunida com os setores de mineração, agricultura familiar, ilhéus, produtores rurais, turismo e pesca.
Após esta primeira rodada de oficinas, a equipe do ICMBio pretende se reunir com a comunidade indígena e com representantes do setor hidrelétrico. A fase de caracterização e diagnóstico envolve também um extenso levantamento que está sendo feito junto aos moradores das ilhas do Rio Paraná.
Realizada a etapa de diagnóstico e caracterização, a próxima fase da elaboração do Plano de Manejo será o planejamento propriamente dito com representantes de cada setor que irão, juntamente com o Conselho Gestor da APA, discutir normas, zoneamento e programas de gestão. No planejamento está previsto também um seminário com a comunidade científica.
Para o chefe da APA, Erick Xavier a verdadeira participação da sociedade deve ocorrer ao longo de todo o processo de elaboração do plano. “Não queremos apenas referendar o processo, queremos construir juntos, fazendo-o de forma inteiramente participativa e compartilhada. Tudo está sendo realizado pelo nosso Conselho Gestor em parceria com as instituições que o compõem. A mobilização dos participantes das oficinas está sendo feita pelos representantes dos próprios setores no Conselho e as despesas custeadas por prefeituras e parceiros”, explicou Xavier.
Fábio Junior Vieira, secretário de Turismo e Meio Ambiente de São Pedro do Paraná, destacou “fizemos questão de enviar representantes em todas essas oficinas, é extremamente importante que nossa comunidade se envolva e participe desse momento, primeiro pela transparência do processo e segundo pela qualidade, pois desses espaços sairão propostas que regimentaram o futuro da APA”.
O presidente do Sindicato Rural de Eldorado, Gerson Formighieri, que também é conselheiro da APA, levantou aos outros produtores rurais a importância sobre a forma de fazer gestão do ICMBio. “A melhor forma de fazer é a forma que estamos fazendo, senão ia ser goela abaixo caso fosse apenas uma Audiência Pública. No passado o plano de manejo seria feito entre quatro paredes e hoje se está sendo aberto é porque os gestores estão abertos à participação”.
Além do objetivo final, que é a construção do Plano de Manejo, as oficinas também permitem uma maior proximidade com a comunidade. “Fiquei muito feliz, quando vi que o pessoal do ICMBio está disposto a conversar e a conciliar,” destacou Doud Nasser, participante da oficina de turismo “pois geralmente temos a impressão de que o pessoal do meio ambiente não quer conversa. Estão certos (os órgãos ambientais) porque, se não forem rígidos em alguns casos as pessoas constroem até dentro da água. E hoje eu vi que eles querem a mesma coisa que a gente, desenvolver, mas respeitar o meio ambiente”.
Para a equipe da APA o processo de elaboração do Plano de Manejo abre uma série de discussões importantes para gestão e pode despertar o senso crítico nas pessoas.
Isabel de Oliveira, pescadora e moradora das ilhas no estado de São Paulo avaliou positivamente as oficinas. “Não me recordo de ter visto isso antes, de quererem a aproximação da gente. É um esforço. São seis oficinas e estão nos dando força para mostrar os nossos direitos e deveres. Vamos nos unir para não deixar barrarem os rios!” declarou. (Erick Caldas Xavier)