Congresso mantém veto ao reajuste da aposentadoria pela variação do mínimo

BRASÍLIA – Em uma votação tumultuada, o Congresso decidiu manter o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste do benefício pago aos aposentados e pensionistas do INSS de acordo com o reajuste do salário mínimo. Deputados e senadores se reuniram novamente ontem para dar continuidade à análise de vetos presidenciais.
Foram 211 votos pela derrubada do veto contra 160 pela sua manutenção e doze abstenções. Como o veto foi mantido na Câmara, não houve necessidade de votação pelos senadores.
Na defesa da decisão da presidente da República, o deputado Sílvio Costa (PSC-PE) disse que a derrubada do veto poderia gerar um custo adicional à Previdência Social de R$ 11 bilhões, o que, segundo ele, é inviável.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) rebateu afirmando que, ao mesmo tempo em que o governo alega falta de dinheiro para pagar os benefícios previdenciários, a Petrobras calcula um prejuízo de R$ 40 bilhões apenas com os casos de corrupção.
Com a manutenção do veto a partes da Lei 13.152/2015, que prorroga até 2019 a atual política de valorização do salário mínimo, aposentados e pensionistas que recebem mais de um salário continuarão contando apenas com a reposição da inflação, sem ganho real.
Na justificativa, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a vinculação entre o salário mínimo e os benefícios pagos pelo Regime Geral da Previdência Social violariam a Constituição.
Pela lei, os reajustes do salário mínimo corresponderão à variação, acumulada nos 12 meses anteriores ao mês do reajuste do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado e divulgado pelo IBGE. (Texto: Agência Senado)
DISCUSSÃO – A votação foi tumultuada por uma confusão que aconteceu no gramado em frente ao Congresso Nacional entre manifestantes pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff e integrantes da Marcha das Mulheres Negras 2015. Deputados e senadores se revezaram nos microfones para trocar acusações sobre o acontecimento, o que atrasou a votação e irritou Renan.
JUDICIÁRIO – Na madrugada de ontem, o Congresso também manteve um dos principais itens da chamada “pauta-bomba” do Legislativo, o veto ao reajuste médio de 59,5% aos servidores do Judiciário, cujo impacto extra seria de R$ 36 bilhões até 2019.
O resultado, porém, foi apertadíssimo e simboliza a grande dificuldade da presidente de assegurar a fidelidade de sua base de apoio no Congresso.
Votaram pela derrubada do veto 251 deputados, apenas seis a menos do que o mínimo necessário, que era de 257. Votaram pela manutenção da decisão de Dilma apenas 132 deputados. Houve 11 abstenções.