Congresso, pautas-bomba e presidenciáveis

*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
 
As pautas-bomba que o Congresso Nacional aprovou, nesses dias que antecedem o recesso de meio de ano e o período de inatividade decorrente da campanha eleitoral, são extremamente inapropriadas. Ao estabelecer novos gastos ou renúncia de receitas da ordem de R$ 100 bilhões, como estimam os operadores da área econômica, os parlamentares jogam por terra todos os esforços do governo para readquirir o equilíbrio perdido nos últimos e desastrosos anos de administração do Partido dos Trabalhadores. O presidente Michel Temer tem o dever de vetar toda essa irresponsabilidade congressual que se insurge contra sua ação  para recolocar o país nos trilhos. Mas, mais que Temer, os candidatos à presidência, precisam dizer ao eleitor se concordam com a pauta e o que farão para cumpri-la, se eleitos. Principalmente, de onde tirarão os R$ 100 bilhões…  
Faz muito tempo que a economia nacional é tratada de forma temerária. O Estado perdulário e inchado pelo empreguismo de cabos eleitorais, familiares e outros apaniguados de gente influente, cobra elevada carga tributária de quem produz e dos que consomem os produtos. E, seletivamente, concede benefícios fiscais para alguns de uma forma imprópria que vai do simples compadrio até a pura corrupção com troca das isenções por propina, conforme nos tem revelado a crônica policial e judiciária. Agora, por não estarem mais agindo a soldo do governo, como quando barraram as denúncias contra o presidente da República, os congressistas partem para aprovar medidas que, se executadas, quebrarão o pais. Certamente o fazem com o objetivo eleitoreiro, buscando o voto dos beneficiários dos disparates econômicos, sem se preocuparem com o mal que isso fará a todos os brasileiros.
Essa revoada de aprovação de projetos no apagar das luzes do mandato merece toda reprovação. Em vez de discutir, analisar e votar as matérias durante os três anos e meio que tiveram em seus postos, os senhores congressistas as mantiveram engavetadas e agora despacham tudo num momento em que a atual representação e o governo já se encontram a cinco meses do seu final. Em vez de se beneficiarem com tais votações, deputados e senadores que votam as bombas para explodir no colo dos que vão governar o país no próximo mandato, merecem o repúdio. O melhor que o eleitor pode fazer é saber o nome dos que assim se comportaram para não correr o risco de reelegê-los e eles continuarem fazendo mal à Nação. É um meio racional e justo de se começar a reforma do país através das eleições…
 
*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo)