Conselho de Medicina lança campanha para a prevenção ao suicídio

BRASÍLIA – Alertar a sociedade para a prevenção ao suicídio, desmitificar a cultura e o tabu em torno deste mal e auxiliar os médicos a identificar, tratar e instruir pacientes. Estes são alguns dos objetivos da nova parceria entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (anteontem), lançam uma Campanha Nacional em defesa da vida.
Em adesão à campanha, os edifícios do Congresso Nacional e o museu dedicado ao ex-presidente brasileiro Juscelino Kubitschek, Memorial JK, ambos em Brasília, foram iluminados de amarelo em sinal de compromisso com a vida.
Os comandos das duas instituições aceitaram o convite do CFM e da ABP para integrar a Campanha Nacional. A cor significa vida, luz, alegria e, para os organizadores, é o contraponto simbólico ideal do problema.
Autoridades de todo o país também estão sendo provocadas pelos Conselhos Regionais de Medicina e Associações de Psiquiatria nos estados a integrar a ação, iluminando da mesma cor os edifícios e monumentos públicos de grande circulação.
A ação integra uma estratégia que se estenderá pelos próximos meses e que busca dar visibilidade aos problemas relacionados à prevenção ao suicídio.
De acordo com o 3º vice-presidente do CFM e coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria, Emmanuel Fortes, é possível prevenir o suicídio, desde que os profissionais de saúde de todos os níveis de atenção estejam aptos a reconhecer os fatores de risco presentes e que as autoridades desempenhem seu papel neste processo.
“Além da campanha, envidaremos todos os esforços para desenvolver outras formas de sensibilização da sociedade e dos governos”.

Perfil de potenciais suicidas

Em outubro, serão lançadas publicações voltadas para os médicos e a população em geral, com informações sobre o perfil de potenciais suicidas, quadros que podem levar ao problema e onde buscar orientação.
Pela internet, as entidades médicas também mobilizam a categoria e sociedade a despertarem interesse no tema. “Ficar triste pode ser natural. Entretanto, pensar em desistir não é a melhor opção. Por isso, acredite na vida”, enfatizam algumas peças da campanha que circularão pelas redes sociais das entidades médicas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas se suicidam por ano em todo o mundo. No Brasil são quase 12 mil casos por ano.
Para a ABP e o CFM, falta uma política de atenção, com infraestrutura e recursos humanos suficientes, para ajudar quem sobre com stress, depressão e esquizofrenia, transtornos que podem levar ao desejo suicida.
Chama a atenção o fato de o número de mulheres que tiraram a própria vida ter crescido mais (17, 80%) do que o número de homens (8,20%) no período de 12 anos. A mortalidade de pessoas com idade entre 70 anos ou mais é maior, de acordo com a pesquisa.
O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, chama a atenção para a subnotificação dos casos, pois, segundo ele, grande parte das tentativas de suicídio não chega aos registros oficiais por não existir notificação compulsória.