Coopervaí registra redução de 40% no processamento de materiais recicláveis

Redução de 40% na comparação com anos anteriores. Esse é o cálculo da assessora administrativa da Cooperativa de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí (Coopervaí), Vera Márcia Teixeira de Lima, em relação aos resíduos recolhidos diariamente no município.
A explicação tem como princípio o momento de crise que o país enfrenta. Na avaliação de Vera Márcia, a elevação na taxa de desemprego empurrou muitos trabalhadores para a informalidade. Uma das opções para driblar a desocupação é trabalhar na coleta de recicláveis. “O número de pessoas que fazem isso por conta própria aumentou ao longo deste ano”, afirmou.
A consequência imediata é a menor quantidade de produtos levados à Coopervaí pelos catadores cooperados. Outro ponto relevante é que os trabalhadores informais recolhem os materiais de maior valor, por exemplo, papelão, garrafas pet e latas. Assim, chegam para o processamento os itens menos rentáveis.
É preciso considerar, ainda, a qualidade da separação do lixo. Vera Márcia ressaltou que muitos materiais que chegam à cooperativa não podem ser processados graças à falta de cuidados dos moradores. Já foram encontrados restos de comida, papéis higiênicos, materiais cortantes, agulhas, animais mortos e até uma tartaruga viva.
Quando esses resíduos entram em contato com o material reciclável, geram contaminação. Nesse caso, o que poderia engrossar a produção diária dos cooperados precisa ser descartado, comprometendo ainda mais os resultados da Coopervaí.
RESOLVENDO O PROBLEMA – A assessora administrativa da cooperativa afirmou que os moradores podem ajudar a resolver parte dos problemas enfrentados diariamente pelos catadores de materiais recicláveis. O primeiro passo é fazer corretamente a separação entre lixo comum e itens que podem ser reaproveitados.
Em relação aos catadores informais que atuam em Paranavaí, a recomendação do Ministério Público (MP) à cooperativa é que trabalhe no sentido de integrá-los à equipe. A dificuldade, disse Vera Márcia, é fazer com que aceitem a ideia. Por isso, uma alternativa tem sido fazer parcerias com eles e receber parte do que recolhem das ruas da cidade.
Também por recomendação do MP, a Coopervaí tem trabalhado em conjunto com prefeituras da região. “Alguns municípios menores não comportam cooperativa ou associação de reciclagem, por isso, fazemos a gestão compartilhada”, explicou Vera Márcia.
Há casos em que o material passa pela triagem e é processado e transportado até Paranavaí. Em outras situações, os cooperados se deslocam para buscar. As parcerias da Coopervaí se estendem a Tamboara, Amaporã, Santo Antônio do Caiuá, Indianópolis, Uniflor e Planaltina do Paraná. “Temos alcançado bons resultados”, garantiu a assessora administrativa.
FIM DE ANO – De acordo com Vera Márcia, dezembro é marcado pelo aumento na quantidade de materiais que chegam à cooperativa para processamento e comercialização. É que neste período, as pessoas consomem mais e produzem mais lixo. As vendas de presentes também geram mais embalagens que podem ser recicladas. Sendo assim, os 40 cooperados que atuam na Coopervaí aproveitam o final de ano para aumentar a renda familiar.
SAÚDE PÚBLICA – A assessora administrativa fez questão de falar sobre a importância do trabalho desempenhado pelos catadores da cooperativa, especialmente em relação ao combate à dengue. “Eles retiram das ruas materiais que podem se tornar criadouros do mosquito”, disse, referindo-se ao Aedes aegypti, transmissor da doença.
Por isso, Vera Márcia reiterou o pedido para que a população valorize mais o trabalho que os catadores realizam diariamente. “Isso inclui melhorar a separação do lixo.” E completou destacando que além de evitar a proliferação do mosquito, o descarte correto dos resíduos aumenta a vida útil do aterro sanitário, uma questão de cunho ambiental.