“Corremos o risco de uma epidemia”, diz diretor da Vigilância em Saúde

O Ministério da Saúde divulgou ontem um mapeamento da dengue em todo o Brasil. A situação leva em conta os resultados do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (Lira) feito pelos governos municipais. Das 1.300 cidades onde a medição foi feita, 157 se encontram em situação de risco e 525 estão em alerta.
Considerando os números do Ministério da Saúde, fazem parte do grupo em situação de risco os municípios com índice de infestação acima de 4%. Entre 1% e 3,9%, considera-se situação de alerta.
Em Paranavaí o último Lira, feito na primeira quinzena de outubro, apontou 0,7%. Não significa, porém, que o cenário é favorável.
O diretor da Vigilância em Saúde (Visa), Randal Khalil Fadel, explicou que há agravantes. “Temos a presença do vetor [que é o mosquito transmissor] e a circulação viral”, disse. Além disso, os agentes de saúde têm encontrado focos de larvas do Aedes aegypti em vários bairros da cidade durante as vistorias residenciais.
Fadel foi enfático: “Corremos o risco de uma nova epidemia”. A preocupação se torna ainda mais relevante se o caso positivo registrado em Paranavaí na última quinta-feira for levado em conta. É que desde o dia 26 de agosto não havia confirmações da doença, apenas notificações de pacientes com sintomas semelhantes aos da dengue.
O diretor da Vigilância em Saúde informou que um homem de 57 anos, morador do Jardim Santos Dumont, contraiu a doença fora de Paranavaí, um caso considerado importado. Mesmo assim, foram feitos três ciclos de bloqueio, um antes e dois após a confirmação da doença.
E o trabalho de prevenção à dengue continua. Nesta semana haverá um dia de mobilização em Paranavaí, com a distribuição de panfletos no centro da cidade. Os agentes de saúde realizam diariamente miniarrastões pelos bairros por onde passam para fazer as vistorias. E equipes municipais fazem monitoramentos constantes em 16 fundos de vale.
VÍRUS – Fadel explicou que na epidemia que se estendeu por este ano foram identificados dois tipos de vírus, 1 e 4. A maioria dos pacientes manifestou o tipo 1, mas, caso haja uma inversão e mais pessoas apresentem o tipo 4, os sintomas poderão ser mais graves. “Não podemos calcular o número de pessoas com dengue hemorrágica e o volume de óbitos”, alertou.
CUIDADOS – Na tarde de ontem, agentes mantiveram o trabalho de visitas aos moradores para fazer vistorias e dar orientações. Eles estiveram na casa da aposentada Carmem Gimenes Salsa, que garantiu: “Os cuidados são diários. Quando tem água parada em algum lugar eu tiro, para proteger a minha saúde e a dos vizinhos”.