Corpo de terceira vítima de naufrágio em MS é encontrado

ALVORADA DO SUL (PR) – O corpo da terceira vítima do naufrágio no rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul, foi encontrado na tarde de ontem.
Segundo o delegado de Porto Murtinho, Rodrigo Nunes Zanota, trata-se de Leandro Donizete Alves. Ele teria viajado com um grupo de amigos de Alvorada do Sul, no Paraná, mas morava em Londrina, na mesma região.
Quatro moradores de Alvorada do Sul cidade continuam entre os 11 desaparecidos.
O acidente ocorreu no fim da tarde de quarta-feira durante uma tempestade nas proximidades de Porto Murtinho (a 462 km de Campo Grande), na fronteira com o Paraguai. Treze pessoas foram resgatadas com vida.
A chalana, uma espécie de barco hotel, era paraguaia, mas levava turistas brasileiros.
SEGUNDA VÍTIMA – Assim que a notícia da morte do agricultor Antônio Moacir Pontelo, 57, chegou a Alvorada do Sul, onde ele vivia, dezenas de pessoas se reuniram em sua casa.
"Fazia alguns anos que ele não ia para longe pescar, mas desta vez resolveu se juntar aos amigos", lamentou Murilo Pontelo, 25, filho do agricultor. A vítima tinha também uma filha, de 28 anos, e era casado.
De acordo com Nivaldo Palaro, sobrinho de Pontelo, o grupo de pescadores do município paranaense retornaria ontem para casa. "Ontem, quando aconteceu o acidente, eles estavam se dirigindo para as margens do rio, pois participariam de um churrasco de despedida e encerramento da pescaria", conta Palaro.
Excursões para o Pantanal são tradicionais entre grupos de amigos da cidade e costumam acontecer nesta época do ano, após a colheita do milho safrinha.
"O pessoal se reúne, pega várias camionetes e vai. Nem todos gostam de pescar, muitos apenas querem apreciar as paisagens, descontrair, descansar. Eles passam vários dias embarcados nessas chalanas navegando pelos rios. Os integrantes mudam a cada ano, mas sempre há um elo de amizade entre os que vão", explicou Palaro.
Neste ano, os amigos de Alvorada do Sul se dividiram em dois grupos. Parte embarcou em Corumbá e outra parte em Porto Murtinho.
Entre os pescadores, os agricultores Carlos Siena, 65, e Manoel Siena, 39, pai e filho, resolveram fazer o passeio em barcos-hotéis diferentes. Carlos seguiu com a turma de Corumbá. Manoel foi para Porto Murtinho. Ele está entre os desaparecidos.
"Os dois sempre foram muito ligados. Trabalhavam juntos, pescavam juntos, moravam vizinhos. Mas, como meu tio Carlos já conhecia Porto Murtinho, resolveu conhecer o outro trecho", disse Paula Siena de Andrade, sobrinha de Carlos e prima de Manoel.
TORNADO – Uma tempestade atingia a região no horário em que a embarcação naufragou em Porto Murtinho, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Segundo o instituto, as condições das nuvens formadas no local poderiam provocar de uma tempestade de granizo a um tornado.
"Apesar do pouco volume de chuva registrado pela nossa estação na cidade (13 mm), as nuvens tinham condições de provocar um tempo severo", afirma Olívio Bahia, meteorologista do Inpe.
A chuva associada a um vendaval que atingiu a cidade deixou um rastro de destruição.
O Corpo de Bombeiros registrou quedas de árvores, postes e destelhamentos de casas. Ninguém se feriu.